O que é a eco-ansiedade

Eco-ansiedade: as sequelas psicológicas da crise climática

Sociedade Saúde

As mudanças climáticas são uma realidade e ameaçam o futuro da Terra. Essa circunstância pode ter impactos psicológicos em algumas pessoas, um fenômeno conhecido como eco-ansiedade. A seguir, explicamos seu conceito, o que a provoca, quais são seus sintomas e o que podemos fazer para evitá-la enquanto cuidamos do planeta.

ecoansiedad
A eco-ansiedade é o medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental.

Embora seja um neologismo, o termo eco-ansiedade já assumiu um lugar importante na agenda de psicólogos de todo o mundo e, evidentemente, no dia a dia das pessoas. Os desastres naturais, que cada vez são mais frequentes e mais extremos devido às mudanças climáticas — tais como os incêndios que assolaram a Austrália ou o ciclone Idai que varreu do mapa a cidade de Beira, a quarta maior de Moçambique —, fez com que muita gente começasse a sofrer de eco-ansiedade sem saber sequer o seu significado.

O que é a eco-ansiedade. Causas

Por enquanto, a eco-ansiedade não é considerada uma doença, no entanto, devido à grande preocupação decorrente da emergência climática que estamos vivendo, pode ocasionar transtornos psicológicos. A American Psychology Association (APA) descreve a eco-ansiedade como “o medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras”. Por isso, a APA considera que a interiorização dos grandes problemas ambientais que afetam nosso planeta pode ter sequelas psicológicas, mais ou menos graves, em algumas pessoas.

Mas, quais são esses grandes problemas ambientais associados às mudanças climáticas? Estamos falando da proliferação de fenômenos meteorológicos extremos (ondas de calor e incêndios, ciclones e tufões, terremotos e maremotos, etc.), do aumento da poluição e seu impacto na saúde, da acumulação de lixo nos oceanosda perda de biodiversidade, do estresse hídrico e da escassez de água, da exploração excessiva dos recursosdo desmatamento e da subida do nível do mar, entre outros fatores.

Segundo uma pesquisa realizada pelo PNUD com a Universidade de Oxford e o instituto GeoPoll, 56% das pessoas pensam nos problemas relacionados ao clima pelo menos uma vez por semana. Além disso, 53% disseram ter aumentado sua preocupação em comparação com a mesma situação no ano anterior. O número aumenta quando nos referimos aos países em desenvolvimento, onde a porcentagem sobe para 63%.

Como a eco-ansiedade afeta as pessoas

A eco-ansiedade não afeta da mesma forma todas as pessoas. Na verdade, costuma afetar sobretudo aqueles com mais consciência ecológica. Dentre os sintomas podemos citar os seguintes: quadros leves de ansiedade, estresse, distúrbios do sono, nervosismo, etc. Nos casos mais graves, a eco-ansiedade pode provocar uma sensação de asfixia ou inclusive depressão. Nesse último grupo é bastante comum que as pessoas expressem um forte sentimento de culpa pela situação do planeta, que pode se agravar, no caso de ter filhos, ao pensar no futuro deles.

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Como as mudanças climáticas afetam a saúde física, mental e comunitária?

  VER INFOGRÁFICO: Como as mudanças climáticas afetam a saúde física, mental e comunitária? [PDF]

A eco-ansiedade é um conceito novo, mas está intimamente ligado a outro, a solastalgia, que a própria revista Lancet incluiu em 2015 como um termo relacionado ao impacto das mudanças climáticas no bem-estar humano. A solastalgia não é considerada uma doença, foi criada pelo filósofo australiano Glenn Albrecht e define um conjunto de distúrbios psicológicos que ocorrem em uma população nativa após mudanças destrutivas em seu território, sejam decorrentes das atividades humanas ou do clima.

Portanto, a solastalgia afeta pessoas que já sofreram as consequências de um desastre natural e essa é a nuance em relação à eco-ansiedade. Segundo um relatório do MIT (Massachusetts Institute of Technology) com sobreviventes do furacão Katrina em 2005, as pessoas que sofreram um desastre natural têm 4% mais chances de sofrer uma doença mental, além de quadros de estresse pós-traumático ou depressão.

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Conselhos para vencer a eco-ansiedade

Os efeitos da eco-ansiedade podem ser minimizados como qualquer outro transtorno relacionado à ansiedade, ou seja, buscar a parte positiva diante de qualquer circunstância, trabalhando a regulação emocional perante os próprios impulsos, desenvolvendo a resiliência para enfrentar as adversidades, etc. Outro fator-chave, pelo menos para reduzir o sentimento de culpa, é fazer nossa parte para cuidar do planeta, promovendo um estilo de vida sustentável tanto para nós mesmos quanto para os demais. A seguir, oferecemos alguns conselhos.

  Conhecer o inimigo é fundamental e é aqui onde entra em cena a educação contra as mudanças climáticas. Conscientize a si mesmo e os demais sobre esse problema.

  Faça atividades sustentáveis, como construir uma horta urbana ou praticar plogging que consiste em coletar lixo plástico enquanto se pratica uma corrida leve.

  Aposte em um consumo responsável e na reciclagem para proteger ao máximo o meio ambiente. Reduza também o consumo de plástico.

  Aposte na mobilidade sustentável e na alimentação sustentável. Sua saúde e a do planeta agradecem.

  Evite as pequenas ações que poluem, tais como deixar a torneira aberta ou jogar um chiclete no chão, porque os pequenos detalhes também são importantes.

Uma notícia positiva sobre o combate à eco-ansiedade é que os problemas climáticos estão mudando a consciência de grande parte da população acerca da necessidade de cuidar do planeta. A pesquisa de opinião pública People's Climate Vote revela que 80% das pessoas no mundo desejam que seus governos tomem medidas mais firmes para enfrentar a crise climática, enquanto 86% querem que seus países trabalhem em conjunto para melhorar a situação. O ativismo verde continua crescendo, já que apenas 7% das pessoas a nível mundial disseram ser contra as medidas em favor da transição verde e do abandono gradual dos combustíveis fósseis.