Perda de biodiversidade: causas, consequências e soluções
Perda de biodiversidade: um risco para o meio ambiente e para a humanidade
A biodiversidade do planeta está ameaçada e o principal culpado é aquele que, paradoxalmente, mais depende dela: o ser humano. Frear a perda de biodiversidade, entendida como a redução ou desaparecimento da diversidade de seres vivos que habitam o planeta, é um dos grandes desafios da humanidade. A seguir, enumeramos suas causas, consequências e possíveis soluções.
Os países que formam o planeta Terra descumprem todos os objetivos que podem frear a destruição da biodiversidade estipulados para 2020. Essa é a devastadora conclusão do quinto relatório Link externo, abra em uma nova aba. de Avaliação Global sobre Diversidade Biológica publicado em setembro de 2020 pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, conhecida como IPBES (em sua sigla inglês). O documento, além de advertir sobre a alarmante degradação da natureza, também aponta que se trata de uma variável que aumenta o risco de futuras pandemias.
2020 era o ano estabelecido para atingir as conhecidas Metas de Aichi, ou seja, o Plano Estratégico sobre Diversidade Biológica (2011-2020) estipulado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O referido roteiro definiu 20 objetivos para frear a destruição da biodiversidade do planeta, no entanto, dez anos depois, e conforme indica o mencionado relatório, parece ser que nenhum desses compromissos será 100 % cumprido, com o consequente impacto negativo sobre as espécies, ecossistemas e o próprio ser humano.
O que é a perda de biodiversidade
A perda de biodiversidade se refere à redução ou desaparecimento da diversidade biológica, ou seja, a variedade de seres vivos que habitam o planeta, seus diferentes níveis de organização biológica e sua respectiva variabilidade genética, assim como os padrões naturais presentes nos ecossistemas. Em meados de 2019, a Organização das Nações Unidas (ONU), em colaboração com a IPBES, apresentou um ambicioso relatório [PDF] Link externo, abra em uma nova aba. sobre biodiversidade onde advertia que um milhão de espécies — de um total de aproximadamente oito milhões — está em perigo de extinção. Alguns pesquisadores inclusive se atreveram a falar do sexto processo de extinção em massa da história do planeta.
Causas da perda de biodiversidade
A biodiversidade tem diminuído a um ritmo assustador nos últimos anos devido, em grande parte, à atividade humana. A seguir, enumeramos as principais causas:
Mudanças climáticas
As mudanças climáticas impactam na biodiversidade em diversos níveis: a distribuição das espécies, a dinâmica das populações, a estrutura das comunidades e a função ecossistêmica.
Poluição
Quando falamos de poluição pensamos, por exemplo, na fumaça que sai dos escapamentos dos carros e que sobe para a atmosfera, mas há outros tipos de poluição que também afetam a biodiversidade, tais como a poluição sonora e luminosa que exercem uma influência negativa sobre ela.
Destruição de habitats
A poluição do solo e as alterações em seus usos devido a atividades como o desmatamento das florestas impactam de forma negativa nos ecossistemas e nas espécies que os compõem.
Espécies exóticas invasoras
As espécies exóticas invasoras são a segunda causa de perda de biodiversidade no mundo de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Agem como depredadores, competem pelos alimentos, se hibridizam com as espécies nativas, trazem parasitas e doenças, etc.
Exploração excessiva do meio natural
A exploração excessiva dos recursos naturais, ou seja, seu consumo a uma velocidade maior do que a sua regeneração natural, tem consequências evidentes na flora e fauna do planeta
Consequências da perda de biodiversidade
A perda da biodiversidade traz consigo inúmeras consequências que não afetam apenas o meio ambiente, pois também atinge o ser humano, seja no âmbito econômico ou da saúde. Durante a apresentação do relatório da IPBES, David Cooper, vice-secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica, aproveitou para alertar sobre esse fato em plena crise da COVID-19: "Enquanto degradamos os ecossistemas, o risco de futuras pandemias aumenta". Nas seguintes linhas, elencamos alguns de seus efeitos adversos:
Extinção de espécies
A alteração e destruição dos habitats provocam que milhares de espécies estejam em perigo de extinção.
Ameaça para o ser humano
A perda de biodiversidade coloca em perigo o bem-estar do ser humano ao afetar o solo e a água, fundamentais para sua alimentação.
Proliferação de pragas
Os desequilíbrios nos ecossistemas podem provocar o surgimento de pragas que prejudiquem, por exemplo, às colheitas.
Aumento das emissões de CO2
A capacidade das florestas e dos oceanos para absorver CO2 se reduz se seus ecossistemas estão afetados.
Soluções para a perda de biodiversidade
Durante a apresentação do relatório da ONU em 2019, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, pediu que se tomem medidas urgentes: "Já não podemos continuar destruindo a diversidade da vida. É nossa responsabilidade para com as gerações futuras." A seguir, abordamos alguns dos compromissos da própria ONU através de seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):
- ODS 14. Vida na água
O ODS 14 pretende gerenciar de forma sustentável os ecossistemas marinhos, costeiros, terrestres e de água doce, enfrentar os impactos da acidificação dos oceanos e regular a exploração pesqueira e, ao mesmo tempo, acabar com a sobrepesca, promovendo a pesca sustentável.
- ODS 15. Vida terrestre
O ODS 15 visa proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerenciar de forma sustentável as florestas, travar e reverter a degradação dos solos, combater a desertificação e frear a perda da biodiversidade.
Para além dos compromissos da ONU, cada indivíduo em âmbito pessoal pode colaborar para combater a perda da biodiversidade. Como? Apostando na mobilidade e na alimentação sustentável, no consumo responsável e nas práticas de reciclagem, reduzindo as pequenas ações que poluem, ajudando a conscientizar as crianças através da educação ambiental, e, em definitivo, apoiando qualquer ação destinada à proteção da biodiversidade.