Inteligência digital
Inteligência digital: como educar para o mundo do futuro?
Internet Talento digital Alto rendimento
A inteligência digital se revela como imprescindível em um mundo que avança liderado pela digitalização. Por essa razão, o desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), que vai muito mais além de saber utilizar um smartphone ou um tablet, deve ser uma das prioridades para a sociedade em geral e para o setor educativo em particular.
O mundo atual não é igual ao de há 20 anos, e o de amanhã também não parecerá ao de hoje. A digitalização transformou nossa forma de pensar, sentir e viver, e sua evolução é tão acelerada que as mudanças — que antes eram uma exceção — se tornaram uma norma. Por isso, a gestão das mudanças tem se revelado como uma competência básica para as pessoas em pleno século XXI. Porém, para além destas, se situa a inteligência digital, que para ser desenvolvida pressupõe uma educação disruptiva.
A digitalização da educação
A educação é um dos campos onde a digitalização tem tido um maior impacto. As TICs foram paulatinamente sendo incluídas nas salas de aula e nas casas, mas mais além das ferramentas a pergunta-chave é: como educar para o mundo de hoje e o do amanhã? Desenvolver inteligência digital transcende o fato de saber usar dispositivos móveis. O essencial é munir as pessoas com as competências necessárias para enfrentarem a vida digital.
A Internet universalizou o acesso à educação, embora este não seja igual em todo o mundo pela exclusão digital. A educação on-line, por exemplo, se converteu em uma alternativa à educação presencial, facilitando não só a manutenção das aulas durante a pandemia de COVID-19, mas também o lifelong learning — especialmente, para aqueles que compatibilizam treinamento e responsabilidades profissionais — em um mundo que se encaminha à aprendizagem ao longo da vida.
O que é a inteligência digital
Conforme o DQ Institute, criador do termo em 2016 e que posteriormente lançou o movimento #DQEveryChild em conjunto com o Fórum Econômico Mundial Link externo, abra em uma nova aba., a inteligência digital é "a soma das habilidades técnicas, mentais e sociais que permitem um indivíduo encarar os desafios e se adaptar às demandas da vida digital". Também indica que ditos desafios não aumentam tanto pelos dispositivos que utilizamos mas pelas experiências às quais nos permitem ter acesso.
A inteligência digital se tornará fundamental para o desenvolvimento das competências digitais e dos perfis digitais demandados por este século. Portanto, o objetivo para os educadores é ir mais além de pensar nas TICs como uma nova plataforma educativa e promover a capacidade dos estudantes para se destacarem em um mundo onde os meios digitais estão onipresentes.
Da mesma forma que podemos mensurar a inteligência geral (IQ) ou a inteligência emocional (EQ), o DQ Institute garante que a inteligência digital (DQ) também pode ser medida. Além disso, ressalta que é altamente adaptativa e que pode ser construída no cotidiano, sendo assimilada com mais eficiência em idades mais precoces. Sem uma inteligência destas características, estamos mais expostos a ameaças como a intimidação virtual (cyberbullying), roubo de identidade ou desinformações (fake news).
As chaves da inteligência digital (níveis e capacidades)
A inteligência digital se divide em três níveis:
- Nível 1. Cidadania digital
Diz respeito à habilidade de usar as ferramentas tecnológicas e os meios digitais de forma segura, responsável e eficiente.
- Nível 2. Criatividade digital
Trata da capacidade de transformar novos conteúdos em realidade a partir dessas ferramentas.
- Nivel 3. Empreendedorismo digital
Consiste em usar meios e tecnologias digitais para solucionar problemas globais ou criar novas oportunidades.
Por seu turno, a inteligência digital deve desenvolver uma série de capacidades:
Identidade digital
Criar e administrar a própria identidade e reputação on-line. Inclui o conhecimento da própria personalidade on-line e o gerenciamento do impacto no curto e longo prazo da presença on-line.
Uso digital
Consiste na capacidade de usar aparelhos e suportes digitais de forma saudável. Assim, deve-se equilibrar o tempo gasto em atividades da vida virtual com o tempo investido na realidade off-line.
Segurança digital
Trata da capacidade de defesa e limitação diante de ameaças cibernéticas (cyberbullying, grooming, radicalização, etc.) ou à exposição a conteúdos violentos ou obscenos, entre outros.
Proteção digital
Detectar ameaças cibernéticas (pirataria, golpes, malware, etc.), saber navegar no ambiente virtual com as melhores práticas e usar ferramentas de segurança para lidar com a proteção de dados.
Inteligência emocional digital
Representa a capacidade de ser compreensivo e construir boas relações com os outros on-line.
Comunicação digital
Comunicar-se e colaborar com outras pessoas utilizando tecnologias e meios digitais.
Alfabetização digital
Encontrar, avaliar, utilizar, compartilhar e criar conteúdo, bem como desenvolver o pensamento computacional.
Direitos digitais
Compreender e defender os direitos a nível digital (direito à privacidade, à propriedade intelectual, à liberdade de expressão e à proteção contra a incitação ao ódio, entre outros).
Como promover a inteligência digital
À medida que a Quarta Revolução Industrial avance e nossas vidas estejam cada vez mais conectadas, a saúde e a prosperidade das sociedades em todo o mundo dependerão da inteligência digital. As crianças já estão imersas no mundo digital — está literalmente ao alcance das suas mãos — e elas definirão o mundo do amanhã, mas para isso devem estar dotadas das habilidades necessárias. Para atingir esse objetivo, toda a sociedade deve se envolver, tanto desde a esfera pública quanto privada.
- O poder político deve compreender a importância da inteligência digital como base de uma sociedade digital e converter em uma prioridade a implementação de programas que promovam as capacidades digitais de seus habitantes. Por sua vez, deve resolver as desigualdades dos sistemas educativos, capacitando-os com os recursos e a experiência.
- O mundo digital oferece numerosas oportunidades, mas também é uma fonte de preocupações para pais e educadores. Portanto, a educação deve começar no âmbito de influência das crianças: os pais em suas casas e os professores nas escolas. As oportunidades de avaliação, que permitem que as crianças compreendam melhor seus próprios pontos fortes e fracos, são fundamentais para orientá-las rumo ao sucesso.