CIDADES C40
C40: as cidades se unem na luta contra as mudanças climáticas
Segundo a ONU, 68% da humanidade morará nas cidades, portanto, elas são fundamentais na luta contra as mudanças climáticas. Por isso, a rede de cidades C40 lidera os esforços para reduzir as emissões de carbono na atmosfera e adaptar-se ao fenômeno que determinará o futuro do planeta. A seguir, expomos suas estratégias para conseguir o objetivo.
Apesar de que somente 3% da superfície total do planeta esteja ocupada por cidades, mais da metade da população mundial (55%) mora nas mesmas. Além disso, 70% de todas as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provêm de núcleos urbanos. Uma das razões é o deficiente plano urbanístico das cidades, pois, entre outros fatores, seu transporte público é insuficiente e com um alto consumo energético.
Como resultado, segundo a ONU, desde 2016, a maioria (90%) dos habitantes das cidades respiram um tipo de ar que não atende às normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde. O ODS 11 visa reverter essa situação criando comunidades mais sustentáveis, por isso, uma de suas metas é garantir o desenvolvimento urbano sustentável e a mobilidade sustentável, assim como proteger o patrimônio natural do mundo.
Dado que as cidades são parte do problema, também devem ser parte da solução. De fato, o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) afirma que as cidades bem governadas e planejadas podem ajudar a combater os desafios globais como a pobreza e as mudanças climáticas. O Grupo de Grandes Cidades para a Liderança Climática C40, que compartilha essa mesma certeza, é composto por um conjunto de cidades que têm um objetivo comum: combater as mudanças climáticas.
O QUE É A REDE C40
A rede C40 reúne grandes cidades do mundo comprometidas com a luta contra as mudanças climáticas. Procuram promover seu desenvolvimento e sua economia respeitando o meio ambiente e o bem-estar da sociedade. Seu principal objetivo é reduzir as emissões de GEE.
A parceria conecta prefeitos e profissionais para a realização de uma ação climática coletiva, ou seja, envolvendo outros níveis de governança, setor privado e sociedade civil. Trata-se de colaborar de maneira eficiente, compartilhar conhecimentos e impulsionar ações significativas e mensuráveis para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
HISTÓRIA DA REDE C40
Em 2005, o então prefeito de Londres, Ken Livingtone, convidou 20 de seus homólogos a criarem um grupo de trabalho para tratar da questão das mudanças climáticas dado que ela não tinha sido abordada na reunião do G-20. Nascia assim a que posteriormente ficou conhecida como rede C40. No ano seguinte, a associação Clinton Climate Initiative favoreceu sua expansão com contribuições de infraestruturas e impulso econômico. Tendo a eficiência energética como bandeira, as cidades passavam a ser o principal bastião contra as mudanças climáticas.
Em 2008, o grupo, então liderado por David Miller, prefeito de Toronto, tinha crescido e defendia que "enquanto as nações falam, as cidades agem". Naquela época, o pacto que somava 40 grandes metrópoles, foi batizado oficialmente como C40. Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, e Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, conseguiram profissionalizar a organização e aumentar o número de cidades associadas respectivamente nos anos seguintes. Entre 2016 e 2019, Anne Hidalgo, prefeita de Paris, concentrou seus esforços para cumprir e fazer cumprir o Acordo de Paris. Atualmente, a organização é liderada por Eric Garcetti, prefeito de Los Angeles.
O Comitê de Direção é o órgão encarregado da direção estratégica. É rotativo e é formado por 17 prefeitos eleitos por seus próprios homólogos em cada região. Seu trabalho consiste em proporcionar governança às cidades associadas, cuja meta atual é cumprir os objetivos mais ambiciosos do Acordo de Paris em âmbito local. No total, representam mais de 700 milhões de cidadãos e constituem uma quarta parte da economia mundial.
ÁREAS DE TRABALHO DA REDE C40
A rede C40, além de combater as mudanças climáticas e promover a diminuição das emissões de carbono, visa melhorar a saúde e o bem-estar dos cidadãos e oferecer oportunidades econômicas. Para tal, foca em diferentes iniciativas ou áreas de trabalho:
Mudanças climáticas e gestão da água
Encarrega-se de identificar e coletar dados do clima, e reconhecer as ameaças e impactos nas infraestruturas e comunidades. Além disso, busca compreender melhor o efeito das ilhas de calor urbano, oferecendo ferramentas para a criação de tetos ou pavimentos verdes, entre outras propostas. Também intercambia boas práticas sobre gestão da água.
Energia
Orienta e ajuda a melhorar a eficiência energética das construções e a desenvolver sistemas de energia locais. A Rede de Energia Local atua como plataforma para promover, por exemplo, o uso local do aquecimento e sistemas de refrigeração com baixas emissões.
Desenvolvimento econômico
Seu objetivo é promover uma economia verde. Para tal, ajuda as cidades no financiamento do desenvolvimento de infraestruturas sustentáveis e na gestão dos bônus verdes, fundos climáticos e nos restantes mecanismos de financiamento climático disponíveis.
Gestão de resíduos sólidos
Ajuda as cidades a alcançarem uma gestão eficaz dos resíduos: suas redes focam na melhoria da coleta e reciclagem. O compromisso é reduzir até 2030 pelo menos 15% dos resíduos gerados per capita em relação a 2015.
Mobilidade sustentável
O objetivo é diminuir as emissões do setor e, para tal, visa transformar a mobilidade urbana através de um transporte mais limpo e eficiente. Apoia a rede de ônibus de trânsito rápido das cidades e incentiva a adoção global de veículos com baixos teores de emissões.
Desenvolvimento urbano e alimentação
Defende o desenvolvimento de cidades mais conectadas e compactas. Entre seus interesses está melhorar o planejamento do uso do solo, minimizar os quilômetros percorridos por veículo ou apoiar construções com teores de carbono reduzidos. A Rede de Sistemas Alimentares tenta melhorar a segurança alimentar e promover a alimentação sustentável, facilitando a produção e distribuição local de alimentos com baixos teores de carbono.
COMPROMISSOS DA REDE C40
Na última conferência da rede C40, que reuniu líderes políticos, cientistas, empresários e ativistas, foram adotados cinco compromissos:
- Apoiar a Recuperação Verde. As cidades, entre outros compromissos, chegaram a um acordo para trabalhar juntas para que o aumento da temperatura global no final do século não ultrapasse 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais.
- Promover a alimentação sustentável. Quatorze cidades, tais como Oslo, Barcelona ou Lima, chegaram a um acordo para aplicar políticas que favoreçam uma dieta saudável.
- Melhorar a qualidade do ar. Um terço das cidades representadas assinou um pacto onde reconheceram que “respirar ar puro” é um direito humano. O objetivo é evitar as 40.000 mortes/ano provocadas pela poluição atmosférica.
- Incentivar as construções mais sustentáveis. As cidades escandinavas como Oslo, Estocolmo ou Copenhague decidiram reduzir o uso de combustíveis fósseis na construção.
- Envolver a juventude. A rede decidiu criar uma iniciativa global para favorecer a cooperação entre prefeitos e jovens líderes de movimentos climáticos.
QUAIS CIDADES FAZEM PARTE DA REDE C40. TIPOS
Para se tornar membro da rede C40, a cidade deve executar uma política climática ambiciosa e cumprir rigorosas normas de participação. Além disso, devem realizar um inventário dos GEE que cumpra o estabelecido pelo Global Protocol for Community (GPC). Atualmente, 97 cidades dos cinco continentes fazem parte da rede C40, tais como Melbourne, Istambul, Madrid, Londres, Rio de Janeiro ou São Francisco.
Descubra as cidades que compõem a rede C40 Link externo, abra em uma nova aba.
As cidades da rede C40 se dividem em três categorias:
- Megacidades. Grandes cidades com mais de 10 milhões de habitantes. Pode ser um único núcleo urbano ou a união de vários: Tóquio, Nova Deli ou Nova York são alguns exemplos.
- Cidades Inovadoras. São aquelas que, sem serem megacidades, possuem uma clara liderança ambiental e são reconhecidas internacionalmente.
- Cidades Observadoras. Categoria das novas cidades que querem se unir à rede C40. O processo para que a cidade seja classificada como inovadora ou megacidade dura aproximadamente um ano.