A robotização e as habilidades humanas
O valor da emoção diante da robotização
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Nos próximos anos, os robôs farão muitos dos trabalhos desempenhados pelos humanos. Mas, antes de ligar os alarmes, vamos ouvir os especialistas. Eles apontam que, na disputa homem-máquina, o ser humano conta com uma vantagem competitiva: a inteligência emocional.
O impacto da robotização no trabalho
Os robôs já estão aqui e, embora ninguém saiba com certeza absoluta o impacto da robotização no trabalho dentro de algumas décadas, existem dados que oferecem algumas pistas. Por exemplo, o relatório Future of Jobs 2023 do Fórum Econômico Mundial afirma que, até 2027, 42% das tarefas comerciais serão realizadas por robôs ou cobots, um aumento de 8% em relação aos números de 2023. É fato que inúmeras atividades atualmente desenvolvidas pelos humanos são potencialmente automatizáveis. Quais? As mais físicas, mecânicas e repetitivas. Os setores mais afetados serão os de administração, segurança, manufatura e comércio. Mas isso é apenas um lado da moeda.
Na outra, nos deparamos com uma certeza. A de que surgirão inúmeros empregos, em contraposição aos perdidos. O mesmo informe aponta os perfis mais emergentes: analista de dados, especialista em Inteligência Artificial, desenvolvedor de software, entre outros. Além disso, de acordo com o estudo, mais de 75% das empresas procurarão adotar tecnologias como big data, Cloud Computing e a prórpia IA em seus negócios nos próximos anos. Portanto, os trabalhos que permanecerão nas mãos do ser humano serão aqueles que exijam habilidades, mas que, por enquanto, não estão ao alcance das máquinas. Falamos de áreas como educação, saúde ou arte.
Automatização, robótica e inteligência artificial
O que queremos dizer quando falamos de automatização, robótica e Inteligência Artificial? A automatização é a utilização de um software que estabelece e segue passos pré-programados para automatizar uma tarefa. A robótica é um ramo da engenharia mecatrônica que, basicamente, se encarrega de projetar e construir robôs. Já a Inteligência Artificial é a simulação de processos de inteligência humana por parte de máquinas.
A combinação dessas três disciplinas marcará o futuro do mundo do trabalho, mas é a Inteligência Artificial, talvez por influência de obras literárias e cinematográficas de ficção científica, que nos faz pensar inevitavelmente em uma gradual substituição da mão de obra humana por humanoide. O Fórum Econômico Mundial acredita que os avanços significativos da Inteligência Artificial em vários campos e setores levarão a uma alta rotatividade de profissionais nos próximos anos: 50% das organizações pesquisadas no relatório mencionado acima acreditam que a IA terá um impacto positivo na criação de empregos, enquanto 25% acham que a tecnologia gerará perda de empregos.
As habilidades interpessoais como vantagem competitiva
Nesse contexto, as habilidades interpessoais se apresentam como uma clara vantagem competitiva diante da robotização no mundo do trabalho. Essas habilidades, também conhecidas como soft skills — ou habilidades moles —, são as que têm a ver com a inteligência emocional, ou seja, com a capacidade de gerenciar de forma eficaz nossas emoções, reconhecer as dos outros e estabelecer relacionamentos positivos com outras pessoas. Falamos de criatividade, colaboração, flexibilidade, negociação e outras habilidades que, aplicadas ao mundo do trabalho, se traduzem em pessoas capazes de encontrar as melhores estratégias para alcançar o sucesso.
O reconhecimento dessas habilidades atinge agora seu pico, mas já eram valorizadas antes de a robotização ter sido tangível, como comprovam diferentes estudos. Isso foi demonstrado, por exemplo, pelo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa de Stanford e pela Fundação Carnegie Mellon em 2008. Os 500 CEOs consultados garantiram que 75 % do sucesso no trabalho de longo prazo será devido às 'soft skills' e só 25 % às habilidades técnicas. Em 2011, uma pesquisa elaborada pela Career Builder entre responsáveis por departamentos de RH ratificou a percepção dos diretores. Os dados, que descreveremos a seguir, refletem uma tendência que, atualmente, persiste nos processos de seleção: valorizar o desempenho social de seus futuros trabalhadores tanto quanto seus conhecimentos técnicos.
- 71 % dos pesquisados afirmaram que valorizavam a inteligência emocional de um empregado acima de outros atributos, incluindo o quociente intelectual (QI).
- 75 % disseram que era mais provável oferecer uma promoção a um trabalhador com alto nível de inteligência emocional.
- 59 % garantiram que descartariam um candidato com um coeficiente de inteligência alto, mas com pouca inteligência emocional.
Esses dados não são fruto do acaso. Está comprovado que os empregados com altos níveis de inteligência emocional cooperam mais com seus colegas, gerenciam melhor o estresse do dia a dia, resolvem mais facilmente os conflitos de trabalho e aprendem com seus erros. A inteligência emocional se torna assim o último grande bastião do ser humano diante da robotização.