COP 15: Conferência sobre biodiversidade 2022
Um encontro mundial para a biodiversidade
Eventos Transição energética Ação climática
A segunda parte da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade 2022, mais conhecida como COP 15, foi realizada em Montreal, Canadá, de 7 a 19 de dezembro, após um prelúdio virtual em 2021. A cúpula, que reuniu governos e o setor privado global, concluiu com a adoção de uma nova estrutura global para a biodiversidade pós-2020.
Apesar dos esforços para proteger a Terra, a biodiversidade está se deteriorando em todo o mundo, e espera-se que esta degradação piore a menos que sejam tomadas medidas urgentes e precisas. Com este objetivo, a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 15), realizada de 7 a 19 de dezembro, reuniu governos de todo o mundo para definir ações e iniciativas mundiais focadas na proteção e restauração da natureza. Este encontro foi um importante ponto de virada, pois foi a primeira desta série de conferências a envolver o setor privado global.
A China presidiu oficialmente a conferência, organizada como sequência da Convenção sobre Diversidade Biológica e dividida em duas partes. Após passar por uma série de adiamentos devido à pandemia, a primeira parte da COP 15 foi realizada de forma on-line entre os dias 11 e 15 de outubro de 2021, tendo como local oficial a cidade chinesa de Kunming.
Durante essa primeira reunião, foi aprovada a Declaração de Kunming, um texto em que os governos participantes assumiram vários compromissos como "o fortalecimento das leis ambientais nacionais e sua aplicação para proteger a biodiversidade" ou "a reforma ou eliminação dos subsídios que são prejudiciais à biodiversidade". A China também se comprometeu com a criação de um fundo de 1,5 bilhão de yuanes (aproximadamente 200 milhões de euros) para a conservação da biodiversidade nos países em desenvolvimento.
A segunda sessão da cúpula foi realizada em Montreal (Canadá). Inger Andersen, Sub-Secretária Geral da ONU e Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), retratou sua relevância: "Convido a todos a fazer com que esta COP 15 seja lembrada como o momento em que, de uma vez por todas, colocamos nossas sociedades e economias no caminho da revitalização da biodiversidade da qual nós, humanos, tanto dependemos.
As chaves da COP 15 de acordo com Emilio Tejedor, chefe de meio ambiente e qualidade da Iberdrola.
Um marco global de ação
O Secretário Geral da ONU, António Guterres, enfatizou a necessidade urgente de ação em seu discurso de abertura na conferência. "Hoje não estamos em harmonia com a natureza, pelo contrário, estamos tocando uma música muito diferente, uma cacofonia do caos tocada com instrumentos de destruição", disse Guterres. O chefe da ONU chegou ao ponto de descrever a humanidade como "uma arma de extinção em massa" que "trata a natureza como um vaso sanitário".
Guterres delineou as medidas que precisam ser tomadas para salvar a natureza em três áreas principais:
- A implementação de planos nacionais que desviam subsídios e incentivos fiscais de atividades que contribuem para a destruição da natureza em direção a soluções verdes, tais como energia renovável ou redução de plásticos.
- Uma mudança da indústria alimentícia e agrícola em direção à produção sustentável.
- Maior apoio financeiro dos países do hemisfério sul.
A COP 15 tornou-se uma reunião histórica por reunir governos e empresas de todo o mundo para estabelecer um novo acordo global. As negociações da ONU foram concluídas com a adoção do Marco Global de Biodiversidade pós-2020, que pretende ser o plano mundial mais ambicioso já desenvolvido para esta causa ambiental. O acordo chegou após um atraso devido a diferenças sobre o financiamento, o que dificultou a obtenção de consenso na COP 15.
A primeira versão deste documento foi apresentada em julho de 2021 e atingiu sea meta após meses de trabalho de diferentes entidades internacionais. O texto preliminar está estruturado em torno de quatro grandes objetivos e desenvolve 23 metas concretas para 2030, entre as quais a ONU destaca:
- Conservar pelo menos 30 % das áreas terrestres, marinhas e costeiras do mundo.
- Restaurar pelo menos 20 % de cada um dos ecossistemas de água doce, marinhos e terrestres degradados, com atenção especial aos ecossistemas prioritários.
- Reduzir pela metade a taxa de introdução de outras espécies invasoras conhecidas ou com potencial.
- Reduzir em pelo menos metade os nutrientes perdidos para o meio ambiente e em pelo menos dois terços os produtos químicos, em particular os pesticidas, prejudiciais à biodiversidade. Acabar com o despejo de resíduos plásticos.
- Minimizar o impacto das mudanças climáticas na biodiversidade, contribuir para a mitigação, adaptação e resiliência através de soluções baseadas na natureza e enfoques baseados em ecossistemas.
- Um aumento de 200 bilhões de dólares nos fluxos financeiros internacionais de todas as fontes para os países em desenvolvimento.
Os compromissos definidos na COP 15 sobre este documento orientam as ações e iniciativas mundiais para garantir que o desejo comum de viver em harmonia com a natureza seja alcançado até 2050. Para isso, a perda global da biodiversidade, a necessidade de maior financiamento para alcançar este objetivo e a necessidade de reduzir a poluição proveniente da agricultura e dos plásticos foram abordadas.
O tratado pede uma "ação urgente" para "deter a extinção de espécies ameaçadas de extinção induzida pelo homem". Até 2050, "a taxa de extinção" será reduzida em dez vezes.
Além disso, a conferência disicutiu a implementação dos protocolos da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que trata do compartilhamento justo e equitativo dos benefícios do uso da biodiversidade e do transporte, manuseio e rotulagem seguros de organismos vivos modificados.
A campanha Make it Mandadory de Business for Nature na COP 15 (versão em espanhol).
IBERDROLA NA COP15
O grupo Iberdrola, como líder mundial na luta contra as mudanças climáticas, desempenhou um papel de liderança e participou ativamente da COP 15, demonstrando seu compromisso com um modelo energético sustentável que gera oportunidades. A empresa participou sob o guarda-chuva do Business for Nature, a coalizão global que reúne organizações e empresas influentes que trabalham para reverter a perda da natureza e restaurar os ecossistemas essenciais do planeta.
A Iberdrola estabeleceu o objetivo de alcançar um impacto positivo líquido sobre os ecossistemas e as espécies onde opera até 2030. O novo Plano de Biodiversidade [PDF] foi apresentado por Emilio Tejedor, diretor ambiental da empresa, no Conferência sobre Biodiversidade 2022. Este novo plano estabelece os mecanismos necessários para garantir que a atividade do Grupo contribua, até o final desta década, para gerar melhores condições ambientais do que as que existiam anteriormente.
"Este plano é complementado pelos planos de Ação Climática e Economia Circular da Iberdrola, que abordam a
Emilio Tejedor Chefe de Meio ambiente e Qualidade da Iberdrola
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A COP 15
O que é a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade?
A Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade é uma conferência de alto nível organizada pelas Nações Unidas que reúne Estados, o setor privado, organizações e entidades não estatais. O encontro tem como base a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, um tratado internacional de 1992 que busca conservar a diversidade biológica e promover sua sustentabilidade, bem como melhorar o compartilhamento justo e equitativo dos benefícios decorrentes do uso de recursos genéticos. A cúpula é realizada a cada dois anos.
Quem participa da COP sobre Biodiversidade?
Participam os Estados membros da Convenção sobre Diversidade Biológica e a União Europeia —atualmente cerca de 200 países— através de seus chefes de estado ou de governo ou, em seu nome, de ministros. Além disso, puderam participar na COP 15 pela primeira vez representantes de empresas. Organizações internacionais, grupos de interesse ou associações também podem participar.
Qual é o objetivo da COP sobre Biodiversidade?
A COP sobre Biodiversidade dirige, supervisiona e decide sobre o processo de implementação e desenvolvimento futuro da Convenção sobre Diversidade Biológica através da análise e discussão dos itens da agenda. O objetivo desta conferência é alcançar um futuro sustentável, respeitoso e resiliente para a biodiversidade.
Por que existem diferentes COPs?
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) nasceu em 1992, no âmbito da Conferência da Terra, no Rio de Janeiro. Nesta importante conferência sobre desenvolvimento sustentável, foram identificados três processos naturais de alto risco: desertificação, perda de biodiversidade e mudanças climáticas.
Desde então, existem as três convenções, embora a mais conhecida seja a que trata das mudanças climáticas, tanto por causa da escala do problema que representa quanto pela necessidade de acelerar a ação dos governos e empresas para enfrentá-lo.
Por tanto, até agora, a Conferência sobre Mudanças Climáticas e a Conferência sobre Biodiversidade foram celebradas de forma independente. Entretanto, cada vez mais entidades e participantes insistem na necessidade de buscar soluções transversais para as mudanças climáticas e a biodiversidade.
Quantas COPs já foram realizadas?
Desde 1994, já foram realizadas 15 COPs. A primeira aconteceu em Nassau (Bahamas), e desde então foram realizadas em diferentes cidades da Europa, América, África e Ásia.
Onde e quando foi realizada a COP 15?
A primeira parte da COP 15 foi realizada na cidade chinesa de Kunming, enquanto a segunda parte foi hospedada por Montreal (Canadá) entre 7 e 19 de dezembro de 2022. A data e o local foram adiados várias vezes devido à pandemia.
Quem presidiu a COP 15?
A China exerceu a presidência da COP 15 apesar da mudança de local da segunda parte da cúpula para o Canadá.
Por que a COP 15 foi importante?
A COP 15 assumiu grande relevância por ser uma reunião multilateral de governos e empresas de todo o planeta para aprovar o Marco Global de Biodiversidade pós-2020, o plano mais ambicioso promovido até agora para a biodiversidade. Após meses de negociações, este plano estabeleceu as metas a serem cumpridas nas próximas décadas para alcançar a sustentabilidade global.