Derretimento das geleiras
Geleiras, as grandes defensoras da estabilidade do clima do planeta
O derretimento das geleiras, fenômeno que aumentou durante o século XX, está nos deixando um planeta sem gelo. A atividade humana é a maior culpada da emissão de dióxido de carbono e de outros gases responsáveis pelo aquecimento terrestre. O nível do mar e a estabilidade global dependem da evolução destas grandes massas de neve recristalizada.

As geleiras da Terra estão há mais de meio século retrocedendo em silêncio diante do avanço imparável das mudanças climáticas. Não existe lugar do planeta — com exceção do sudoeste asiático — capaz de resistir aos efeitos de um fenômeno que derreteu mais de 9,6 trilhões de toneladas de gelo glacial no mundo desde 1961 — conforme dados de 2019 de um estudo feito por satélite da Universidade de Zurique, Suíça — e que ameaça evaporar mais de um terço das geleiras até 2100, tal como prevê o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
O que é uma geleira e como elas se forman
Estas grandes massas de gelo em movimento se originam da compactação e recristalização da neve acumulada em lugares frios. Esse é o caso, por exemplo, das geleiras de montanha e das geleiras polares, que não devemos confundir com as gigantescas placas do Ártico. As geleiras se classificam segundo sua morfologia — campo de gelo, geleira de circo, geleira de vale, etc. —, clima — polar, tropical ou temperado — ou condição térmica — base fria, quente ou politérmica —.
A formação de uma geleira é um processo milenar e seu tamanho variará conforme a quantidade de gelo que consiga acumular durante sua vida. O comportamento dessas massas é muito parecido ao dos rios — que se alimentam das geleiras durante os períodos de derretimento — e sua velocidade depende da fricção e do desnível do terreno por onde se assentam. No total, as geleiras cobrem 10% da superfície terrestre e, juntamente com as calotas de gelo, perfazem quase 70% da água doce do planeta.
Por que as geleiras derretem? Causas
Indubitavelmente, o aumento da temperatura terrestre foi o responsável pelo derretimento das geleiras ao longo da história. Atualmente, a rapidez das mudanças climáticas poderia extingui-las em um tempo recorde. Vejamos, detalhadamente, as causas do derretimento das geleiras:
- Emissões de CO2: a concentração atmosférica de dióxido de carbono e de outros gases de efeito estufa (GEE) derivados da indústria, do transporte, do desmatamento ou da queima de combustíveis fósseis, entre outras atividades do ser humano, faz com que o planeta se aqueça e descongelem as geleiras.
- Aquecimento oceânico: os oceanos absorvem 90% do calor terrestre, um fato que provoca derretimento das geleiras marinhas localizadas, principalmente, nas áreas polares e nas costas do Alasca (Estados Unidos).

VER INFOGRÁFICO: O ciclo de vida de uma geleira [PDF] Link externo, abra em uma nova aba.
Consequências do derretimento das geleiras
A Universidade de Zurique revelou, no estudo mencionado anteriormente, que o derretimento das geleiras acelerou nas últimas três décadas. Esta perda de gelo já alcança 335 bilhões de toneladas anuais, o que corresponde a 30% do ritmo atual de aumento do nível oceânico. A seguir, especificamos as principais consequências do degelo:
Aumento do nível do mar
O derretimento das geleiras contribuiu para o aumento do nível dos oceanos em 2,7 centímetros desde 1961. Além disso, as geleiras do mundo têm gelo suficiente — cerca de 170.000 quilômetros cúbicos — para aumentar o nível do mar em quase meio metro.
Impacto sobre o clima
O degelo das geleiras nos polos está desacelerando as correntes oceânicas, um fenômeno relacionado com a alteração da climatologia mundial e a sucessão de episódios meteorológicos cada vez mais extremos em todo o globo.
Desaparecimento de espécies
O derretimento das geleiras também provocará a extinção de numerosas espécies, pois é o habitat natural de vários animais terrestres e aquáticos.
Menos água doce
O desaparecimento das geleiras significa também menos água para o consumo da população, menos capacidade para gerar energia hidrelétrica e menos disponibilidade para a rega.
Soluções para evitar o derretimento das geleiras
Os glaciologistas consideram que, apesar da enorme perda de gelo, ainda há tempo para salvar as geleiras de um desaparecimento anunciado. Seguidamente, damos algumas ideias e propostas que poderiam ajudar a atingir esse objetivo:
Paras as mudanças climáticas
Para proteger as geleiras, é imprescindível diminuir as emissões mundiais de CO2 em cerca de 45% na próxima década e até zero após 2050 para frear o aquecimento global.
Frear sua erosão
A revista científica Nature sugeriu levantar um dique de 100 metros em frente da geleira Jakobshavn (Groenlândia), a mais castigada pelo degelo no Ártico, visando conter sua erosão.
Unir icebergs artificiais
Um arquiteto da Indonésia, Faris Rajak Kotahatuhaha, foi premiado pelo seu projeto Recongelar o Ártico, que consiste em recolher a água das geleiras derretidas, dessalinizá-la e congelá-la de novo para criar grandes blocos hexagonais de gelo. Graças à sua forma, estes icebergs poderiam se juntar e formar massas geladas.
Aumentar sua espessura
A Universidade do Arizona propôs uma solução aparentemente simples: fabricar mais gelo. Sua proposta consiste em recolher água da parte inferior da geleira, com bombas de impulsão por energia eólica, para expandi-la sobre as camadas de gelo superiores, de tal forma que esta se congele na superfície, reforçando a consistência.