Combustíveis descarbonizados
O que são combustíveis descarbonizados e que necessidades satisfazem
O acordo de Paris e os compromissos que a Europa está assumindo têm como objetivo uma sociedade neutra em emissões até 2050. Até então, os vetores energéticos deverão estar plenamente descarbonizados, o que significa que não existe espaço para combustíveis fósseis tal como são utilizados hoje em dia.
O petróleo e o gás natural terão que ser substituídos por alternativas descarbonizadas ou neutras em carbono. Portanto, é imprescindível identificar a origem dos combustíveis e das emissões geradas em seu processo a fim de utilizar de forma maciça apenas aqueles sem pegada de carbono:
1. ORIGEM FÓSSIL
- Hidrogênio gris (H2 gris): o metano de um combustível fóssil (principalmente gás natural ou carvão) reage com vapor de água a uma pressão e temperatura elevadas. É uma tecnologia muito madura e competitiva, utilizada para obter praticamente a totalidade do hidrogênio produzido atualmente. Não é um gás descarbonizado porque gera emissões durante o processo.
- Hidrogênio azul (H2 azul): obtido da mesma forma que o H2 gris, passa por um processo posterior de captura e armazenamento de CO2 conhecido como CCS para reduzir a pegada de carbono em até 90 % na melhor das hipóteses. Por ser um gás descarbonizado parcialmente, cujo uso não é compatível com um sistema neutro em carbono, o H2 azul poderia ser considerado como uma alternativa de transição em alguns casos.
2. ORIGEM ORGÂNICO
- Biogás: este gás é obtido a partir da decomposição controlada do material orgânico, tais como resíduos florestais ou os resíduos orgânicos do contêiner marrom das cidades, obtendo uma mistura de metano, CO2 e outros gases. O biogás é um gás descarbonizado, pois, embora as emissões ocorram durante seu processo de combustão, estas são menores do que as que se evitam ao deixar que a matéria orgânica de origem se degrade de forma natural.
- Biometano: é obtido através de um processo de limpeza do biogás, do qual se extrai o CO2 e outras impurezas para obter um metano mais puro e mais parecido ao gás natural. Da mesma forma que o biogás, o biometano é contabilizado como gás descarbonizado.
O biogás e o biometano podem ser utilizados como combustíveis de uso local perto do local de produção, pois seu transporte é muito caro. Seu potencial depende da disponibilidade de matéria-prima.
- Biodiesel e bioetanol: são combustíveis líquidos obtidos a partir de matérias-primas como açúcar ou óleo vegetal. É uma tecnologia madura e de uso estendido, pois são incluídos na gasolina e diesel que os veículos consomem em uma porcentagem que se situa entre 5 e 10 %. Não são contabilizados como combustíveis descarbonizados porque a matéria-prima desses combustíveis compete com os alimentos, sendo necessário desmatar terras férteis.
- Biocombustíveis avançados: são combustíveis líquidos obtidos a partir de biomassa ou de resíduos de madeira que não competem com a alimentação. Esses combustíveis contam como combustíveis líquidos descarbonizados.
TIPOS DE COMBUSTÍVEIS DE ACORDO COM A SUA ORIGEM E EMISSÕES
3. ORIGEM ELÉTRICA 100 % RENOVÁVEL
- Hidrogênio verde (H2 verde): mediante a eletrólise com eletricidade 100 % renovável, quebra-se a molécula de água, obtendo-se hidrogênio. O processo não gera emissões de CO2, portanto é um gás totalmente descarbonizado. Trata-se de uma tecnologia pouco madura em larga escala, com uma perda de eficiência de 30 %, razão pela qual seu uso atual é muito minoritário.
- Derivados do hidrogênio verde: a partir do hidrogênio verde (H2 verde) é possível obter combustíveis descarbonizados em forma de gás (metano sintético) ou líquido (querosene, gasolina ou diesel sintético). Tais processos exigem tecnologias ainda muito imaturas, o que aumenta significativamente seu custo.
A IBERDROLA E COMBUSTÍVEIS DESCARBONIZADOS
Por ser a mais competitiva e eficiente, a eletrificação direta da economia a partir de energias renováveis é atualmente a principal via de descarbonização. No entanto, há nichos (como o transporte marítimo, a aviação e a industria de alta temperatura) que representam menos de 15 % do consumo final e das emissões da União Europeia e onde atualmente a eletrificação ainda não é competitiva ou tecnicamente possível. Por isso, o grupo Iberdrola defende:
- Utilizar combustíveis descarbonizados em nichos de consumo onde a eletrificação direta não seja possível ou competitiva.
- Aproveitar todo o potencial dos combustíveis de origem orgânica, uma vez que são opções renováveis, que melhoram a economia circular e ajudam no desenvolvimento de zonas rurais.
- Promover modelos de P&D para as tecnologias imaturas, envolvendo a indústria que consome hidrogênio como matéria-prima.
A Iberdrola, que já foi pioneira ao apostar nas energias renováveis, desenvolverá um grande projeto de hidrogênio verde a partir da energia solar fotovoltaica em Puertollano e, em 2030, espera produzir 85.000 toneladas de H2 verde.