Acessibilidade web

O que é a acessibilidade web? O grande desafio para conseguir uma Internet para todos

Internet Diversidade Integração

As barreiras também existem na Internet e afetam milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo. Atualmente, os cidadãos com dificuldades motoras, sensoriais ou cognitivas dependem mais do que nunca dos progressos em termos de acessibilidade web para não ficarem à margem do desenvolvimento educativo, econômico e social.

accesibilidad web
A criação de páginas web deve se adequar a critérios de acessibilidade.

Passamos, em média 6 horas e 40 minutos navegando pela Internet diariamente, tal como revelam os dados do relatório Digital 2024 publicado pelas empresas We Are Social e Hootsuite. Apesar destes dados, a Internet continua sendo um território inalcançável para a grande maioria das pessoas com deficiência do mundo, como denuncia o consórcio internacional World Wide Web Consortium (W3C) através de sua iniciativa Web Accessibility Initiative (WAI).

O que é a acessibilidade web?: Importância e benefícios das páginas acessíveis

A acessibilidade web combina programação, design e tecnologia para construir uma Internet sem barreiras que permita que todos os usuários tenham o entendimento, a aprendizagem, a navegação e uma interação plena com a web. Da mesma forma que a indústria e a arquitetura, por exemplo, concebem objetos, veículos e espaços adaptados às necessidades das pessoas com mobilidade reduzida ou problemas cognitivos, visuais e auditivos, a Internet também deve percorrer esse caminho.

A iniciativa WAI é a indutora a nível mundial deste campo que zela para que as páginas web e seus conteúdos respeitem critérios de usabilidade e acessibilidade universal, de forma que qualquer internauta possa navegar pela rede independentemente das suas limitações físicas, intelectuais ou sensoriais. Os websites acessíveis também se beneficiam de outros aspectos como o aumento de visitas potenciais, uma maior velocidade de conexão, melhoria no posicionamento e reputação on-line (TrustRank), poupança de banda larga e uma maior compatibilidade com navegadores e dispositivos, etc.

Países como Japão, Estados Unidos, Canadá e Alemanha já são referência em acessibilidade, enquanto na União Europeia foram alcançados grandes avanços nos últimos anos para promover a inclusão. Em junho de 2025, entra em vigor a Lei Europeia da Acessibilidade (também conhecida como Diretiva Europeia 2019/882), que tem como objetivo padronizar os requisitos de acessibilidade para determinadas empresas do setor público, grandes corporações e prestadores de serviços essenciais como, por exemplo, empresas de tecnologia e desenvolvimento de software, comércio eletrônico, serviços financeiros, transporte e turismo, órgãos governamentais, serviços de emergência e redes sociais. Com isso, essa nova legislação elimina as barreiras digitais e garante que todos participem de forma plena no ambiente on-line.

A principal razão dessa medida é melhorar o funcionamento do mercado interno da União Europeia (UE), assegurando que serviços e produtos acessíveis estejam disponíveis para todos. Essa normativa reflete o compromisso da União Europeia com oportunidades iguais e justas para todos os cidadãos europeus. Além disso, trará benefícios diretos às empresas que estiverem em conformidade com essa nova regulamentação, já que elas aumentarão seu alcance e a satisfação de seus clientes.

Embora cada país membro da UE adapte e incorpore a nova legislação em sua própria estrutura nacional, o foco principal é garantir autonomia e integração social e profissional de pessoas com deficiência, idosos, gestantes ou qualquer pessoa com limitações funcionais, buscando implementar condições e oportunidades iguais para todos. 

Recomendações e pautas de acessibilidade web (WCAG e outras) 

A WAI emite desde 1999 diretrizes padronizadas e reconhecidas a nível internacional para criar conteúdos e páginas mais acessíveis. Estas recomendações técnicas, especialmente pensadas para webmasters, web designers e desenvolvedores, se atualizam de forma periódica e estão agrupadas nos três blocos que resumimos a seguir:

Diretrizes de acessibilidade para conteúdo da web (WCAG)

Diretrizes para criar conteúdos acessíveis e compatíveis com qualquer tipo de tecnologias de apoio, dispositivos, navegadores e linguagens de programação. Incluem o uso de letras grandes, designs adaptados, textos preditivos, assistentes de navegação, etc.

Diretrizes de acessibilidade para ferramentas de autoria (ATAG)

Normas que dizem respeito ao desenvolvimento dos programas e aplicativos usados para criar, gerenciar e publicar conteúdos digitais. Estas ferramentas abarcam processadores de textos, gestores de bases de dados, programas de edição de vídeo, etc.

Diretrizes de acessibilidade para agentes de usuário (UAAG)

Pautas destinadas ao desenvolvimento dos programas necessários para interagir com conteúdos web tais como navegadores, reprodutores multimídia, leitores de tela, etc.

W3C e os níveis de acessibilidade web 

A WAI classifica também as páginas web conforme a acessibilidade dos conteúdos, estabelecendo os seguintes níveis:

  • Nível A: é o menos exigente e inclui as páginas que cumprem certos critérios em conformidade com a WCAG como, por exemplo, a disponibilidade de legendas para áudios gravados ou as alternativas de texto para conteúdos audiovisuais, etc
  • Nível AA: esse é o nível intermediário e o mais exigido pelos órgãos que emitem certificações de acessibilidade na Web. Ele reúne sites que atendem a critérios mais avançados, como a disponibilidade de legendas para áudio ao vivo, audiodescrição, texto ampliado etc.
  • Nível AAA: é o mais rigoroso e abrange os sites que atendem aos critérios mais exigentes. Entre eles estão a interpretação em língua de sinais, audiodescrição estendida, explicação de abreviações e a ausência de elementos que piscam mais de três vezes por segundo, etc.
infografia
Atividades da WAI* para promover a acessibilidade web.

 

 VER INFOGRÁFICO: Atividades da WAI* para promover a acessibilidade web [PDF]

Ferramentas para comprovar a acessibilidade web

Alguns aplicativos on-line são capazes de verificar de forma rápida e elementar o grau de acessibilidade das páginas web. Desta forma, é possível saber o que deve ser melhorado na página web para torná-la mais acessível de acordo com as diretrizes da WCAG. Apresentamos em seguida as mais reconhecidas:

  • Website Accessibility Versatile Evaluator (WAVE): é um conjunto de ferramentas de acessibilidade disponível como extensão para navegadores. Oferece versões gratuitas e pagas.
  • axe DevTools: com uma versão para dispositivos móveis e outra para computadores, já conta com 2 bilhões de downloads e é a ferramenta de acessibilidade usada por oito dos dez maiores bancos dos Estados Unidos.
  • Google Lighthouse: desenvolvida pelo Google, esta ferramenta gera relatórios sobre falhas em páginas da web e explica sua importância. É também uma das ferramentas mais visuais para corrigir problemas de acessibilidade.
  • Accessibility Cloud: plataforma on-line que permite monitorar documentos e sites de maneira automática e manual. Está disponível em vários idiomas e tem opções gratuitas e pagas.
  • Siteimprove: esta ferramenta de nível empresarial, usada pelo Condado de Denver (Estados Unidos), fornece análises, relatórios e soluções para corrigir erros em sites corporativos.

Ao selecionar uma ferramenta de acessibilidade web, é essencial avaliar as necessidades específicas da empresa e verificar se as informações fornecidas pela ferramenta atendem às expectativas.

A principal diferença entre a maioria dessas ferramentas está na forma como apresentam os erros e relatórios. Por exemplo, o axe DevTools organiza os problemas por níveis de prioridade, enquanto o Google Lighthouse utiliza uma abordagem mais visual.

Como principal vantagem, as ferramentas automatizadas oferecem uma maneira rápida e fácil de melhorar a acessibilidade de um produto digital. Elas podem analisar diversas páginas simultaneamente em um curto período, fornecendo feedback imediato. A eficiência e a velocidade também dependerão do uso de uma versão gratuita ou paga, mas, de forma geral, elas facilitam muito o trabalho de análise.

Apesar dessas vantagens, a recomendação é complementar essas ferramentas com uma avaliação manual, pois não se deve depender totalmente delas. Um estudo do governo do Reino Unido, referência em acessibilidade web, mostrou que essas ferramentas automatizadas detectam apenas entre 20% e 30% dos erros de acessibilidade em um site. Considerando esse fato, é possível que a ferramenta classifique como erro algo que não é necessariamente um erro e, por outro lado, ignore outros problemas.

Além disso, para tornar produtos, serviços e sites mais acessíveis, é importante receber feedbacks diretos ou testes com pessoas com diferentes tipos de deficiências. Dessa forma, o produto pode ser adaptado mais facilmente às necessidades dos usuários e clientes.