O carro autônomo

Poderia um 'hacker' dirigir meu carro autônomo?

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Os especialistas afirmam que é muito difícil, embora possam controlar algumas funções parciais. A Google apresenta uma solução surpreendente: não conectar o carro à Internet.

Waymo, o carro autônomo da Google.
Os carros Waymo do Google podem dirigir longas distâncias off-line.

A empresa californiana surpreendeu o mundo com seu complexo algoritmo de busca que simplificou o acesso às informações da rede. Agora, no processo de desenvolvimento de seu carro autônomo — com uma propulsão híbrida/conectável — volta a surpreender, mas desta vez por apresentar soluções muito simples para problemas muito complexos.

O carro autônomo desenvolvido pela Google recebeu o nome de Waymo Link externo, abra em uma nova aba. e não necessita da rede das redes para circular com toda a segurança pelas estradas. Assim declarou o diretor do projeto e ex-CEO, John Krafcik, ao diário Financial Times: "nossos carros só estabelecem comunicação com o mundo exterior quando for necessário, por isso, não há uma comunicação contínua que possibilite sua invasão por um hacker enquanto estivermos no carro". Os veículos de teste da Google podem dirigir durante longos períodos de tempo sem estar conectados à rede “porque todos os sistemas necessários estão a bordo e só estabelecem conexão para receber informações concretas como o estado do trânsito” — explicou Krafcik.

Em 2024, os carros da Waymo realizaram mais de 4 milhões de viagens totalmente autônomas, evitando, assim, a emissão de mais de 6 milhões de quilos de CO₂. Algumas cidades dos EUA como Los Angeles, Phoenix e São Francisco já contam com esse serviço plenamente disponível, que recentemente foi ampliado para Austin, Atlanta, Miami e, em uma primeira oportunidade internacional, para Tóquio.

O Waymo, o carro autônomo da Google, só estabelece comunicação com o exterior quando realmente for necessário.
O Waymo, o carro autônomo da Google, só estabelece comunicação com o exterior quando realmente for necessário.

Enquanto isso, outras marcas automobilísticas confiam todo o sistema de condução autônoma a uma rede à qual estariam permanentemente conectados. Com efeito, uma das principais capacidades da nova tecnologia de comunicação móvel, denominada G5 é a de prestar apoio à conexão e imenso tráfego de dados de milhões de veículos autônomos.

Detecção de vulnerabilidades

Se o carro autônomo quiser ser uma realidade, terá que garantir a segurança máxima aos futuros compradores. Em julho de 2015 dois especialistas em informática assumiram o controle total de um Jeep Cherokee. O caso foi amplamente conhecido e despertou o medo de que alguém pudesse controlar qualquer veículo autônomo a partir do exterior. Por isso, é importante conhecer o fato: tratou-se de uma experiência Link externo, abra em uma nova aba. publicada por uma prestigiada revista tecnológica, onde os dois especialistas em informática eram um engenheiro de segurança do Twitter e o diretor de Segurança de Veículos da Inative, empresa especializada em cibersegurança. A verdade é que assumiram o controle total, mas com um software específico que demorou mais de um ano para ser desenvolvido.

O guru da tecnologia David Pogue publicou, em outubro de 2016, um artigo na prestigiada revista Pesquisa e Ciência em que denunciava o alarmismo dos jornais e avaliava como “quase impossível” um hacker poder assumir o controle de qualquer veículo que esteja circulando na estrada. E como medida de precaução, alguns fabricantes, como a Chrysler e a Tesla, já oferecem suculentas recompensas a hackers que lhes notifiquem vulnerabilidades.

Riscos de segurança cibernética

Assumir o controle do carro não é a única coisa que está ao alcance de um hacker que obtém acesso a um veículo autônomo. Este setor inovador enfrenta uma série de possíveis riscos, incluindo:

  • Roubo de dados: como esses veículos se conectam à nuvem para funcionar, os hackers podem acessar informações sensíveis dos motoristas, comprometendo não apenas sua privacidade, mas também a reputação das empresas envolvidas.
  • Perda de controle: ataques desse tipo podem gerar situações de altíssimo risco tanto para os ocupantes do veículo quanto para o ambiente ao seu redor. 
  • Falhas de direção: desde problemas aparentemente simples, como a ativação indevida dos limpadores de para-brisa, até falhas críticas, como a inoperância dos freios em alta velocidade, as consequências podem ser catastróficas.

Nos últimos anos, as empresas têm se mostrado cada vez mais conscientes desses riscos e vêm implementando medidas preventivas, como o uso de inteligência artificial (IA) para identificar e neutralizar ataques em questão de segundos. Ainda assim, trata-se de um campo repleto de incertezas e com muitos desafios pela frente.

coche autónomo

 VER INFOGRÁFICO: Os sistemas mais vulneráveis diante de um ataque hacker [PDF] Link externo, abra em uma nova aba.

O carro autônomojá é uma realidade para empresas como a Tesla, nos Estados Unidos, e a NIO, na China. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para que essa tecnologia se torne 100% funcional. É possível que realize o sonho de acidentes zero e salve 1,9 milhão de vidas por ano, as que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são causadas devido aos acidentes de viação em todo o mundo.

Seguramente realizará o sonho do John Krafcik: que sua avó de 97 anos possa visitar seus netos sempre que quiser, sem depender da disponibilidade de um familiar para levá-la de carro.