Índice de Desenvolvimento Humano

Dos muitos efeitos colaterais causados pelo do coronavírus SARS-CoV-2, não afeta diretamente nenhum órgão vital, mas sim o futuro das pessoas: o retrocesso no desenvolvimento humano. O coronavírus acabou com a vida de pelo menos 15 milhões de pessoas em todo o mundo e nos obrigou a passar mais tempo isolados, impossibilitando a muitos a oportunidade de cuidar de outras pessoas e de ir a centros educativos, e tudo isso não pode ser recuperado neste momento

Os dados do relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em 2020 revelaram que a COVID-19 trouxe grandes incertezas para o futuro de muitas pessoas após a pandemia. Dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, todos eles se recuperaram dos danos da pandemia – alcançaram os valores do Índice de Desenvolvimento Humano anteriores a 2020 –, enquanto 51% dos países menos desenvolvidos ainda não conseguiram se recuperar.

"Por que estamos tão atrasados e como podemos sair dessa situação sem recorrer à violência ou ao isolacionismo?" Essas duas perguntas fazem parte da introdução do Relatório de Desenvolvimento Humano 2023/2024 e são o foco do documento. Os aspectos considerados para o desenvolvimento deste novo indicador incluem transformações sociais, impactos na saúde mental e polarização política

O que é o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Esta agência da Organização das Nações Unidas (ONU) está formada por especialistas que ajudam os países a implementarem soluções integradas e duradouras para o planeta e seus habitantes. O PNUD trata de questões essenciais para o desenvolvimento da humanidade, como a erradicação da pobreza, a desigualdade ou os impactos das mudanças climáticas. Como se pode ver, o coronavírus afetou suas aspirações, tal como reflete a anunciada queda no Índice de Desenvolvimento Humano pela primeira vez desde sua criação em 1990.

Em 2020, alguns dos planos do PNUD para reverter os efeitos da pandemia incluíam, por exemplo, reduzir a exclusão digital, melhorar a proteção social, salvaguardar os serviços de saúde e o emprego, entre outras medidas de recuperação sustentável. Entre as diferenças apresentadas no Relatório de Desenvolvimento Humano 2023/2024, está o fato de que que os países mais ricos mostraram um desenvolvimento sem precedentes – liderados por Suíça, Islândia e Noruega – e os países mais pobres permaneceram abaixo de seus níveis de desenvolvimento anteriores à COVID-19, sendo a República Centro-Africana (RCA), Sudão do Sul e Somália os mais atrasados.

Os dados levam o PNUD a destacar essa evidente desigualdade entre países, o desempoderamento das pessoas, a violência e a discriminação – que resultam em estresse –, a necessidade de financiamento para bens públicos, a redução da temperatura do planeta e a diminuição da polarização entre as nações.

O que é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um indicador criado pelo PNUD que divulga o grau de progresso de cada país desde há três décadas. Desta forma, a iniciativa do economista paquistanês Mahbub ul Haq se tornou o critério de referência para mensurar o ritmo do planeta, pois facilita uma visão ampla — não isenta de críticas — das desigualdades entre as regiões.

O IDH é usado para elaborar um ranking mundial do desenvolvimento humano Link externo, abra em uma nova aba.. Por um lado, esta classificação anual permite seguir a evolução de um país ao longo do tempo e, por outro, comparar sua situação com a do resto de países. Assim, os governos podem compreender melhor suas opções de crescimento e as ajudas internacionais podem ser concedidas com critério.

  VER INFOGRAFÍA: El Índice de Desarrollo Humano (IDH) en el mundo [PDF].

O que o IDH mede

Este índice composto leva em conta fatores de saúde, educativos e econômicos para medir o desenvolvimento humano de um país, diferentemente das metodologias anteriores que se fixavam somente no aspecto econômico. A seguir, repassamos as variáveis que o IDH mede:

Como se mede o IDH

O IDH é a média geométrica das três dimensões anteriores, cujos índices se calculam separadamente com os dados de esperança de vida, escolarização e renda per capita de cada país. O resultado final sempre dá um valor entre 0 e 1 que determina, conforme o PNUD, os quatro graus de desenvolvimento humano que detalhamos a seguir:

• Muito alto: países com um IDH superior a 0,80.
• Alto: países com um IDH entre 0,70 e 0,80.
• Médio: países com um IDH entre 0,55 e 0,70.
• Baixo: países com um IDH inferior a 0,55.

Porém, como reconhece o PNUD, o IDH por si só não basta para medir o nível de progresso de um país, pois se concentra em aspectos específicos, enquanto o desenvolvimento humano é um conceito muito mais amplo que requer outros indicadores complementares.

IDH: Indicadores

O Índice de Desenvolvimento Humano não é o único contemplado pelo PNUD para medir o progresso de um país. Junto com este indicador, também há outros importantes:

• IDH Ajustado à Desigualdade (IDH-D). É um IDH que leva em conta a desigualdade entre as pessoas. Ou seja, o IDH-D mostraria o desenvolvimento humano real e o IDH o potencial que poderia ser alcançado se não existissem desigualdades.
• Índice de Desigualdade de Gênero (IDG). Reflete a discriminação econômica e social da mulher em três sentidos: saúde reprodutiva, empoderamento e participação no emprego.
• Índice de Pobreza Multidimensional (IMP). Avalia as carências dos lares e de seus habitantes no âmbito da saúde, educação e nível de vida.