Notícia
O plano nasce com a mesma ambição que o Governo demonstrou em seu Roteiro do hidrogênio verde, como resposta aos planos de ajudas europeus para a recuperação
A Iberdrola e a empresa Fertiberia situam a Espanha na vanguarda do hidrogênio verde na Europa: projetam 800 MW com um investimento de 1,8 bilhão até 2027
- Os projetos cobririam 20% do objetivo nacional – que prevê 4GW de potência até 2030 –, contribuiriam para a criação de uma indústria local de H2 e gerariam 4.000 empregos através de 500 fornecedores locais
- O plano permitiria dinamizar um polo de inovação e industrial com um alto potencial de crescimento como é a fabricação de eletrolisadores e incentivaria a revitalização econômica e social em territórios que enfrentam o desafio demográfico
- O maior complexo de hidrogênio verde para uso industrial da Europa estará em funcionamento em 2021 em Puertollano, após um investimento de 150 milhões de euros
O hidrogênio verde já é uma realidade para a parceria formada pela Iberdrola e a Fertiberia, um fator-chave no caminho rumo à neutralidade climática e poderia tornar a Espanha um líder industrial nesse setor caso se materialize o projeto integral de ambas as companhias, o qual contempla o desenvolvimento de 800 MW de hidrogênio verde com um investimento de 1,8 bilhão de euros nos próximos sete anos.
A iniciativa de inovação começará com a implementação do maior complexo de hidrogênio verde para uso industrial da Europa, o qual estará operacional possivelmente em menos de um ano na localidade de Puertollano, e poderia ser completado com um plano para multiplicar por 40 a capacidade dessa primeira usina com o desenvolvimento de outros três projetos entre 2023 e 2027, nas usinas da Fertiberia de Puertollano (Ciudad Real) e Palos de la Frontera (Huelva).
É o que anunciou nesta manhã Ignacio Galán, presidente da Iberdrola, juntamente com Javier Goñi, presidente da Fertiberia, na apresentação de “um grande projeto que pode tornar nosso país o primeiro com 100% de produção de amoníaco para fertilizantes completamente verde”. O projeto surge de uma parceria, “que coloca todas as nossas capacidades à disposição deste processo de transformação sem precedentes”, indicou. “Uma parceria que não se baseia em meras intenções, mas em fatos concretos. Uma vez mais, com o hidrogênio verde voltamos a ser pioneiros na implementação de uma nova tecnologia limpa, e fazemos isso junto de nossa melhor parceira, a Fertiberia”.
O presidente fez referência à estratégia de hidrogênio verde da União Europeia. “Trata-se de planos ambiciosos que pretendem situar a Europa na vanguarda mundial dessa tecnologia – explicou o presidente da Iberdrola – e que exigem empresas industriais dispostas a enfrentar a transformação de seus processos de produção; fornecedores de equipamentos preparados para produzir as infraestruturas para a eletrólise em larga escala, com equipes cada vez mais eficientes e competitivas; empresas com a capacidade de investimento e de execução necessárias para gerar e fornecer as quantidades precisas de energia verde e ajudas da União Europeia para tornar esses projetos uma realidade”.
Javier Goñi explicou, por sua vez, que a parceria com a Iberdrola converte a Fertiberia na “primeira empresa do setor que alimenta suas grandes usinas com hidrogênio verde graças a fontes renováveis locais que também suprirão nossas necessidades de consumo elétrico”. O projeto também permite “mostrar o caminho do futuro às demais operadoras”. Através desse passo “estratégico e decisivo” serão fabricados fertilizantes com uma alta eficiência e eficácia ambiental, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, tal como exige a futura Política Agrária Comum. “Mais de 50% de nossas receitas já provêm de produtos de alto valor agregado, uma porcentagem que em 2023 passará de 60%”, destacou Goñi, para quem o acordo com uma campeã europeia da energia como a Iberdrola “colabora para promover a marca Espanha como símbolo internacional de inovação e liderança tecnológica”.
Criação de 4.000 empregos através de 500 fornecedores locais
O projeto integral da Iberdrola situa o grupo na liderança do novo desafio tecnológico que representa a produção e o fornecimento de hidrogênio a partir de fontes 100% renováveis.
O plano alcançaria 800 MW de eletrólise, equivalentes a 20% do objetivo nacional – que prevê a instalação de 4GW até 2030 – e conseguiria que cerca de 25% do hidrogênio atualmente consumido na Espanha não gerasse emissões de CO2. “Nosso plano de hidrogênio verde é um projeto vinculado ao investimento verde, que evita a emissão de mais de 400.000 toneladas de CO2 na atmosfera, contribuindo para atingir a neutralidade climática”, explicou Galán.
Através desses projetos estaríamos contribuindo para o desenvolvimento de toda a cadeia de valor, criando quase 4.000 empregos qualificados – 2.000 deles já em 2023 –, mediante 500 fornecedores locais.
“Permite dinamizar um polo industrial com um alto potencial de crescimento, como a fabricação de eletrolisadores em nosso país, reduz a dependência energética e o consumo de combustíveis fósseis e promove a revitalização econômica e social, especialmente em territórios que enfrentam de modo relevante o desafio demográfico, neste caso nas regiões de Castela-La Mancha e Andaluzia”.
Além de contribuir para a reativação da indústria e da economia, a proposta de inovação também passa por posicionar a Espanha como referência tecnológica na produção e aproveitamento de hidrogênio verde na Europa, especialmente no campo da eletrólise.
Dessa forma, o investimento ajudaria a avançar na maturidade tecnológica do hidrogênio verde convertendo-se em uma solução para a descarbonização eficiente no médio prazo, tanto da indústria que o utiliza como matéria-prima quanto para processos difíceis de eletrificar, tal como o transporte pesado.
O projeto, que é fruto da colaboração privada e pública, nasce com a mesma ambição que o Governo mostrou em seu Roteiro do hidrogênio verde e necessitaria do apoio do Fundo Europeu de Recuperação para a execução das três últimas fases. “Para sair desta crise são necessárias iniciativas concretas que permitam avançar na imprescindível recuperação verde”, explicou Galán. Nesse sentido, o presidente da Iberdrola expressou seu desejo de que “este projeto receba as ajudas nacionais e europeias necessárias para implementá-lo e assim posicionar a Espanha e a Europa como pontas de lança de uma nova tecnologia essencial para a descarbonização, liderando o caminho para sua competitividade plena”.
O maior complexo de hidrogênio verde para uso industrial na Europa em andamento
O maior complexo de hidrogênio verde para uso industrial da Europa estará em funcionamento em 2021 em Puertollano, após um investimento de 150 milhões de euros. O projeto será composto por uma usina solar fotovoltaica de 100 MW, um sistema de baterias de íon-lítio com uma capacidade de armazenamento de 20 MWh e um dos maiores sistemas de produção de hidrogênio com eletrólise (20 MW). Seu desenvolvimento e construção criarão 700 postos de trabalho e, uma vez em funcionamento, evitará a emissão de 39.000 tCO2/ano.
A Iberdrola acelera a construção desse projeto de inovação, assim como já apresentou a solicitação para que o primeiro projeto tenha acesso às ajudas do fundo europeu Innovation Fund.
O hidrogênio verde produzido será usado na fábrica de amoníaco da Fertiberia no município de Puertollano. A usina já é uma das mais eficientes da União Europeia, com uma capacidade de produção superior a 200.000 t/ano. A Fertiberia atualizará e modificará sua usina para poder utilizar a produção do hidrogênio verde e, dessa forma, fabricar fertilizantes verdes. Desse modo, poderá reduzir em mais de 10% as necessidades de gás natural na usina e será a primeira empresa europeia do setor que desenvolve uma experiência em larga escala de geração de amoníaco verde.
A usina se desenvolve em uma localização privilegiada, com um importante polo industrial e onde está situado o Centro Nacional do Hidrogênio que prestou assessoria durante sua criação.
Planos ambiciosos de eletrificação para situar a Europa na vanguarda mundial
A Espanha e a União Europeia avançam na eletrificação de suas economias para atingir a descarbonização plena. A atual contribuição da eletricidade para o consumo energético mal passa de 20% do total e deveria se multiplicar quase 3 vezes em apenas 30 anos, caso se alcancem os objetivos climáticos.
Paralelamente, existem alguns consumos energéticos que, por razões tecnológicas, são dificilmente eletrificáveis. É o caso dos processos industriais de alta temperatura e do transporte pesado. Para eles, a produção de hidrogênio verde a partir da eletrólise – utilizando energia renovável – é um fator-chave no caminho rumo à neutralidade climática em 2050.
Conscientes deste desafio, mas também dessa grande oportunidade, a União Europeia e o Governo da Espanha implementaram estratégias para impulsionar o hidrogênio verde. A União Europeia pretende ter 40 GW de eletrolisadores de hidrogênio verde em apenas dez anos, enquanto na Espanha o objetivo é de 4 GW de potência instalada.