História da energia solar

Desenvolvimento e progresso da energia solar fotovoltaica

Energia fotovoltaica Energias renováveis

O primeiro painel solar da história foi desenvolvido no final do século XIX, mas o uso do sol como fonte de energia remonta às origens da humanidade. A história da tecnologia fotovoltaica está marcada por vários avanços científicos que se sucederam até a geração de energia elétrica a partir do sol. Conheça sua origem, sua evolução e por que ela é uma das principais fontes de energia renovável.

Historia energía solar
Historia energía solar

O surgimento dos painéis solares em diferentes setores da sociedade transformou a maneira como a energia é gerada e consumida.

Os seres humanos sempre tiveram curiosidade e admiração pelo sol, a estrela dominante em nosso céu e o protagonista de várias lendas. Por isso, não é de surpreender que diferentes culturas, em toda a extensão do nosso planeta e ao longo do tempo, tenham considerado o sol uma divindade a ser adorada —como foi para os gregos com o nome de Helios, para os egípcios como Rá ou para os incas como Inti—. Mas, acima de tudo, trata-se da energia que nos fornece luz e calor e uma das principais fontes de vida para os seres vivos, uma vez que permite que eles se desenvolvam.  

Os sucessivos avanços científicos permitiram ao ser humano conhecer melhor este astro e explorar seus usos na Terra. Hoje, ele é um recurso essencial em meio à transição energética graças ao incentivo à energia solar fotovoltaica. Analisamos a história dessa tecnologia, as principais figuras envolvidas em sua evolução e seus benefícios. 

Origem da energia solar fotovoltaica

O uso prático da energia do sol nas primeiras civilizações era muito limitado devido à escassez de tecnologia eficiente e consistia em uma compreensão básica de como integrá-la às necessidades cotidianas. Inicialmente, os raios solares eram amplificados para criar fogo. Mais tarde, os gregos e romanos da Idade Antiga usaram a energia solar de forma indireta para aquecer suas casas e a água para banho, e até desenvolveram uma arquitetura que aproveitava ao máximo a luz do sol e o calor para usá-lo durante o dia e conservá-lo à noite. 

Primeiras aplicações da energia solar fotovoltaica

Além desses usos primitivos da energia solar, o primeiro grande marco na história da energia fotovoltaica ocorreu em 1839, quando o físico francês Alexandre-Edmond Becquerel descobriu o efeito fotoelétrico. Ao fazer experimentos com uma célula eletrolítica, o pesquisador notou que, quando exposto à luz solar, a corrente subia por um dos eletrodos. A descoberta abriu caminho para que inventores de todo o mundo criassem dispositivos usando essa técnica. 

Uma das primeiras aplicações foi a criação do primeiro coletor solar parabólico em 1866. Em meados do século XIX, o pesquisador francês Augustin Mouchot criou uma máquina capaz de extrair energia solar para fins comerciais. Os raios solares eram concentrados por uma série de espelhos em uma caldeira com água, e o vapor gerado pela água fervente acionava um motor a vapor. 

Primeira célula solar

Foi durante esse período que o engenheiro elétrico Willoughby Smith, que usava barras de selênio para detectar falhas em cabos submarinos, descobriu um fenômeno estranho: a condutividade das barras aumentava de forma exponencial quando expostas à energia solar. Smith publicou suas descobertas em 1873 no Journal of the Society of Telegraph Engineers. 

Dois cientistas britânicos, William Grylls Adams e Richard Evans Day, concluíram, após a publicação de Smith e depois de realizar vários experimentos, que "a corrente só poderia ser produzida no selênio pela ação da luz". Adams e Day descobriram, então, que a luz produzia um fluxo de eletricidade através de um material sólido e chamaram essa corrente de "fotoelétrica". 

A constante pesquisa na área levou, em 1883, o inventor americano Charles Fritts a construir a primeira célula solar, que tinha uma eficiência de cerca de 1%. O protótipo, que gerava uma corrente contínua sob exposição à luz direta e difusa, consistia em um painel de metal com uma camada de selênio e outra de ouro. 

A era moderna e os painéis solares

Quando a energia solar fotovoltaica começou a ser comercializada a partir da década de 1950, o preço dos painéis solares era muito alto para o público em geral e sua aplicação prática estava concentrada principalmente na indústria aeroespacial. Nesse setor, as placas eram usadas para alimentar equipamentos externos, como satélites, pelos Estados Unidos e pela União Soviética. 

Apesar desse incentivo inicial no domínio espacial, o uso da energia solar em aplicações domésticas e comerciais foi limitado nas décadas seguintes. Isso ocorreu devido ao baixo custo dos combustíveis fósseis, que dominavam o mercado de energia e ainda ofereciam uma alternativa mais econômica do que a energia solar.

No entanto, a situação mudou nas décadas de 1970 e 1980 com a crise do petróleo. O aumento do preço dos combustíveis fósseis fez com que o público e a comunidade científica olhassem com interesse para o setor das energias renováveis. O desenvolvimento tecnológico cresceu, a eficiência técnica —como tecnologias de rastreamento solar e armazenamento de energia— se desenvolveu e os custos de produção foram reduzidos, tornando a energia solar uma alternativa econômica mais acessível. 

A chegada dos painéis solares a casas e diferentes setores da sociedade

Graças às políticas de incentivo, o sol se tornou uma solução promissora para os sistemas de climatização, aquecimento de água e geração de energia elétrica em residências e indústrias. Este foi o início do autoconsumo fotovoltaico, que está se tornando cada vez mais comum em diferentes setores da sociedade:

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Uso residencial

As melhorias na eficiência dos painéis e a redução gradual dos custos favoreceram uma grande adoção de sistemas solares residenciais. Elementos tecnológicos, como baterias de armazenamento, permitiram a independência energética das residências com um melhor aproveitamento da energia solar.

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Setor comercial e industrial

As empresas têm adotado progressivamente a energia solar para reduzir os custos operacionais e atender às metas de sustentabilidade. Os telhados de edifícios comerciais, estacionamentos e até mesmo terrenos adjacentes têm sido usados para instalações solares. Em grande escala, essa tecnologia reduz a dependência de fontes de energia não renováveis e diminui a pegada de carbono. Fábricas, usinas e armazéns de produção às vezes integram painéis solares em combinação com outras fontes de energia renovável.

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Setor agrícola e zonas rurais

A energia solar também pode ser usada para alimentar sistemas de irrigação, equipamentos agrícolas e armazenamento com determinadas características de controle climático. Nesse setor, destaca-se a agrovoltaica, que consiste na instalação de painéis solares em terras agrícolas para explorar as sinergias com a agricultura. Além disso, em zonas rurais, os sistemas solares fotovoltaicos oferecem uma solução viável para o acesso à eletricidade e o desenvolvimento econômico.

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Área urbana e prédios públicos

O futuro urbano prevê novos desenvolvimentos e projetos de renovação que integram a energia solar ao design de edifícios, espaços públicos e serviços para construir cidades mais sustentáveis. Essa é a base para a criação das chamadas smart cities. Com frequência cada vez maior, escolas, hospitais e prédios da administração pública estão instalando painéis solares para reduzir custos e se posicionar como referência em sustentabilidade. 

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Mobilidade sustentável

A energia solar pode ser aproveitada para carregar veículos elétricos, tanto em estações de recarga públicas quanto em residências, e para promover a mobilidade sustentável. Além disso, postos de gasolina e estacionamentos às vezes contam com painéis solares para alimentar suas operações e fornecer pontos de recarga eficientes.

Vantagens da energia solar fotovoltaica

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Inesgotável e não poluente

Não consome combustíveis fósseis e não gera resíduos

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Alcance universal

Pode ser obtida em qualquer lugar do mundo e nos 365 dias do ano

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Ideal para zonas rurais

Um sistema adequado para lugares onde as linhas elétricas não chegam ou são difíceis de instalar

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Armazenável

Permite a instalação de baterias para armazenar o excedente de eletricidade

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Modulável conforme a necessidade

Pode ser produzida em instalações de geradores pequenos e em grandes usinas

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Empregos verdes

Contribui para a criação de empregos verdes e para o crescimento da economia local

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 VER INFOGRÁFICO: Vantagens da energia solar fotovoltaica [PDF]

Evolução dos painéis solares 

Apesar de que a produção da primeira célula fotovoltaica ocorreu no século XIX, foi preciso esperar até meados do século seguinte para presenciar um modelo prático. Em 1954, os laboratórios Bell desenvolveram a primeira célula solar de silício, um material que oferecia uma eficiência de 6%. Esse avanço mostrou que a conversão da luz solar em eletricidade poderia ser uma realidade e uma oportunidade de mercado.  

O evento marcou o início de uma evolução contínua dos painéis solares. Durante as décadas de 1960 e 1970, foram desenvolvidas melhorias na pureza do silício e nas técnicas de fabricação, o que permitiu que a eficiência das células solares aumentasse para cerca de 14%. As décadas seguintes foram marcadas pela introdução de células solares de película fina e aprimoramentos de materiais com novas alternativas, como telureto de cádmio, heterojunção ou perovskita.  

Já nos anos 2000, o silício monocristalino começou a ser usado, o que possibilitou atingir uma eficiência de 20%, seguido pelo silício policristalino, que ajudou a reduzir os custos de fabricação. Além disso, a combinação desse material com perovskita possibilitou atingir eficiências de mais de 25% em laboratório. 

Nos últimos anos, os destaques do setor foram a fabricação de painéis solares bifaciais, que proporcionam um ganho adicional de radiação tanto na face superior como inferior, e a energia fotovoltaica flutuante, que instala os painéis sobre superfície de grandes massas de água. As tendências futuras apontam para a fabricação de células solares orgânicas e de pontos quânticos, que prometem maior flexibilidade e custos mais baixos, assim como o uso de painéis solares transparentes, que permitem que eles sejam colocados em janelas e outros elementos arquitetônicos sem comprometer a estética.