Emprego verde

Empregos verdes: os trabalhos do futuro, bons para você, para o meio ambiente e para a economia

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A transição para uma economia descarbonizada não é só fundamental para frear as mudanças climáticas, também é um indutor de crescimento econômico com potencial para criar milhões de empregos verdes. Falamos de trabalhos diretamente destinados a proteger o meio ambiente ou daqueles que visam minimizar o impacto sobre a saúde do planeta.

De acordo com o Relatório sobre a disparidade das emissões 2024, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), os insuficientes compromissos climáticos atuais colocam o mundo no caminho correto para um aumento da temperatura global de pelo menos entre 2,6 e 3,1 °C até o final do século. Isto está bem acima dos 1,5 °C estimados no Acordo de Paris. Segundo o relatório, o mundo precisa reduzir em até 57% as emissões anuais de gases de efeito estufa nos próximos 10 anos para conseguir limitar os efeitos do aquecimento global. As promessas de emissões líquidas zero, se cumpridas integralmente, poderiam progredir na redução do aumento da temperatura global projetada para 2,2°C, mais próximo do Acordo, mas abaixo dos 2°C esperados. Caso contrário, há o risco de que a frequência e intensidade dos nefastos impactos climáticos que têm afetado o planeta nos últimos anos aumentem.

Neste contexto, o mundo precisa acelerar a transição para uma economia descarbonizada e ecológica. É uma transição que, além de ter o potencial de frear as mudanças climáticas, também pode se converter num autêntico motor de crescimento. Ela pode criar numerosos empregos verdes em vários setores, que é algo que já está acontecendo nos últimos anos tanto nos países ricos como nas economias emergentes.

A economia circular, que propõe reutilizar, reparar ou reciclar, aumentando a fabricação e o consumo sustentável, também será uma fonte de criação de empregos verdes. Dessa forma, além de reduzir os resíduos, economiza-se energia e contribui-se para evitar os danos irreversíveis causados em termos de clima, biodiversidade e poluição do ar, do solo e da água, devido à utilização dos recursos num ritmo que ultrapassa a capacidade da Terra para os renovar.

O que é um emprego verde e que impactos tem na economia

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) define os empregos verdes como "os trabalhos de agricultura, atividades de fabricação, pesquisa e desenvolvimento, administração e serviço que contribuem de forma considerável para preservar ou restaurar a qualidade do meio ambiente". Em outras palavras, os empregos ambientais são aqueles destinados a proteger e promover o meio ambiente ou os que levam sempre em consideração o seu impacto sobre a saúde do planeta e tentam minimizá-lo. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), este tipo de empregos permite:

Aumentar a eficiência do consumo de energia e as matérias-primas.

 Limitar as emissões de gases de efeito estufa.

Minimizar os resíduos e a poluição.

Proteger e restaurar os ecossistemas.

Outro dos benefícios destes trabalhos ecológicos é seu efeito sobre a economia global. A OIT já advertiu que, se nada mudar, o crescimento do emprego no futuro não será suficiente para satisfazer o aumento da força de trabalho nos países emergentes e em desenvolvimento. Entretanto, apesar do fato de que as mudanças na produção e no uso de energia poderiam gerar mais empregos, de acordo com um estudo do Fórum Econômico Mundial, quase 94% das empresas afirmam que não têm o talento necessário para gerar empregos verdes.

Estas mudanças, destinadas à consecução do Acordo de Paris e à geração de empregos verdes, incluiriam um maior uso de fontes de energia renováveis, o crescimento da utilização de veículos elétricos e a realização de obras de construção para haver mais eficiência energética nas edificações.

Setores com maior demanda por empregos verdes

Como consequência da descarbonização da economia e do desenvolvimento da economia circular, surgirão empregos do futuro e outros se manterão, adaptando-se à nova realidade verde. De acordo com especialistas, os seguintes setores têm maior potencial para criar empregos verdes:

Empregos verdes no setor de energia

Em 2023, o setor alcançou um recorde histórico de 16,2 milhões de empregos, conforme aponta o relatório Renewable Energy and Employment: Annual Review 2024, publicado pela OIT e a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). Apesar da recuperação após a pandemia, a distribuição continua desigual, com a China e a Europa na liderança, enquanto na África poucas regiões conseguem oferecer empregos na área de energia sustentável. 

Empregos verdes na agricultura

O mercado de alimentos e bebidas orgânicos foi avaliado em 2024 em 174,37 bilhões de dólares, e espera-se que em 2029 atinja 233,56 bilhões. Nos últimos anos, a demanda por esses produtos aumentou consideravelmente, principalmente porque os consumidores têm procurado alimentos e bebidas orgânicos ou com rótulos limpos. Isso fez com que cada vez mais marcas entrassem no setor, com o maior nicho de mercado na América do Norte e o de crescimento mais rápido na região Ásia-Pacífico. Assim, os empregos verdes nas áreas rurais aumentaram nos últimos anos.

Empregos verdes no design

As políticas europeias demandam taxas de reciclagem cada vez maiores e estabelecem critérios de design ecológico cada vez mais estritos. Este fato, somado à consciência ecológica de muitos consumidores, converteu o ecodesign (desde embalagens até coberturas de edifícios, passando por produtos variados) numa fonte de emprego em auge.

Empregos verdes no turismo

Em uma sociedade cada vez mais conscientizada com a saúde do planeta, o turismo ecológico — ou ecoturismo — é uma tendência em expansão. Este setor gera empregos relacionados com atividades como a criação de experiências de aventura, a elaboração de rotas de alta montanha ou o conhecimento de espaços protegidos, assim como a revitalização de áreas rurais, como ecovilas, em risco de desaparecer.

Empregos verdes no transporte

Este setor é responsável por mais de 30% das emissões de CO2 da União Europeia (UE), das quais 72% provém do transporte rodoviário. Muitos países já adotaram medidas para reduzir drasticamente as emissões do transporte (a UE prevê diminui-las em 60% em 2050 com respeito aos níveis de 1990), abrindo oportunidades de trabalho nos setores do veículo elétrico, do transporte público e do transporte de mercadorias em trens eletrificados.

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Que tipo de formação é necessária para um emprego verde?

Dado que existe um conjunto muito amplo de trabalhos verdes atualmente, não há um perfil de formação único para os também conhecidos como trabalhadores do colarinho verde. Exceto cursos universitários, cursos ou pós-graduações especializados em ecologia, a formação verde necessária para um trabalho determinado consiste na especialização ambiental dentro de um setor.

Se uma pessoa trabalha desenhando embalagens, por exemplo, terá que dominar os materiais ecológicos. Da mesma forma, um advogado interessado na preservação da natureza terá que se especializar em direito ambiental, ou um engenheiro que queira trabalhar no setor energético terá que se especializar em tudo aquilo que estiver relacionado com as energias renováveis, eficiência energética ou descarbonização da economia.

Exemplos de empregos verdes mais demandados

Com isso em mente, os dez empregos verdes mais demandados são os seguintes: 

  • Engenheiro em energias renováveis
  • Arquiteto ou engenheiro especializado em eficiência energética e reabilitação energética de edifícios
  • Consultor em sustentabilidade
  • Especialista em economia circular
  • Engenheiro ambiental
  • Técnico em mobilidade sustentável
  • Agrônomo especializado em agricultura sustentável
  • Gerente de projetos ambientais
  • Especialista em finanças sustentáveis
  • Técnico em turismo sustentável

Iberdrola e os empregos verdes

A Iberdrola apresentou um estudo, realizado em colaboração com a The Economist Impact, que defende que as competências verdes serão o principal motor da transição energética.

O relatório, intitulado Green Skills Outlook, explora o impacto da transição verde nos mercados de trabalho globais e tem como base uma pesquisa com 1.000 líderes empresariais, grupos de trabalho específicos e um conselho consultivo de especialistas na área. O estudo analisa nove países e quatro setores da economia com um papel central na transição verde, incluindo novas tecnologias, construção e infraestrutura, transporte e logística, e energia e serviços públicos.

Segundo o estudo, a maioria dos líderes empresariais acredita que a responsabilidade de promover a transição verde recai sobre o setor privado – e não sobre as políticas de emprego – e prevê mais oportunidades do que desafios. No entanto, o rápido avanço em direção a uma economia de baixa emissão está sendo ameaçado pela incapacidade das empresas de desenvolver e adquirir competências “verdes” suficientes. 

Empregos verdes em áreas rurais

A criação de empregos verdes no meio rural representa o surgimento de diversos setores emergentes, com oportunidades para que jovens e comunidades rurais contribuam para uma economia justa e sustentável. Os empregos verdes nesse setor oferecem a possibilidade de alcançar a sustentabilidade de maneira social, econômica e ambiental.

A Iberdrola, em sua missão de dar visibilidade às iniciativas voltadas para a promoção das energias renováveis, o desenvolvimento socioeconômico e a preservação da biodiversidade, criou o programa CONVIVE.

Como líder no combate às mudanças climáticas, a Iberdrola celebrou a segunda edição dos Prêmios CONVIVE para premiar as melhores iniciativas de convivência ambiental, agrícola e social com as energias renováveis. 

O objetivo dos prêmios, realizados na Espanha, foi reconhecer iniciativas, parcerias, empresas, ações ou entidades locais que exemplifiquem a integração das energias renováveis com o desenvolvimento socioeconômico e a conservação da biodiversidade.