Recifes de corais

As mudanças climáticas e a saúde dos recifes de corais

Natureza

"Os recifes de corais estão sendo fervidos vivos." Essa afirmação, feita por Gabriel Grimsditch, membro da divisão de ecossistemas marinhos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), ativou os sinais de alerta. O panorama para os corais não é muito animador: os cientistas calculam que quase 90 % desses superecossistemas poderiam se extinguir até 2050.

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A importância dos corais e o seu alto risco de desaparecimento preocupam a comunidade científica.

Os recifes de corais parecem florestas tropicais (marinhas) de mil formas, tamanhos e cores diferentes, mas na realidade são colônias de milhares de pequenos animais imprescindíveis para a sobrevivência de centenas de milhões de pessoas, significando 25 % da fauna marinha mundial, conforme dados da Organização das Nações Unidas. Desde pequenos peixes e moluscos até espécies maiores como tartarugas, aves aquáticas e tubarões, todos dependem desses ecossistemas tão frágeis que poderiam desaparecer nas próximas décadas devido ao aquecimento global.

O que é um recife de coral e como ele se forma

Esses oásis oceânicos se originam a partir do carbonato de cálcio secretado pelas colônias de corais pétreos, animais marinhos constituídos por milhares de pequenos pólipos similares às anêmonas. Cada um desses diminutos invertebrados está envolto em um exoesqueleto calcário que perdura após sua morte e, junto ao resto da colônia, formam a estrutura inicial sobre a qual são depositados outros sedimentos, corais e algas que fazem com que o recife cresça.

O naturalista britânico Charles Darwin, pai da teoria da evolução, estudou nas suas viagens a origem dessas formações milenares que podem abranger extensões de até 2.600 quilômetros, como a Grande Barreira de Coral australiana. Darwin intuiu corretamente que os conhecidos atóis — recifes circulares — e as barreiras coralíneas são diferentes fases de um mesmo recife surgido há milhões de anos ao redor de uma ilha vulcânica que afundou paulatinamente até desaparecer debaixo d´água.

Tipos de recifes de coral

Os recifes de corais costumam crescer em águas tropicais, limpas, pouco profundas e com muita luz. A seguir, analisamos os três tipos mais importantes:

 Recifes em barreira

É uma franja coralínea que se estende paralelamente ao litoral e é separada da costa por um canal ou por uma lagoa de certa profundidade.

 Atóis

É um anel com uma lagoa interior profunda que se comunica com o mar aberto. Costumam estar localizados no Oceano Pacífico.

 Recifes em franja

Tal tipo de formação se une ao litoral ou está separada da costa por um canal ou lagoa de pouca profundidade.

Algumas variedades menos significativas incluem os recifes remendo, recifes mesa, bancos e os escolhos, entre outros.

Como as mudanças climáticas afetam os recifes de corais

Esses ecossistemas são tão ricos em biodiversidade quanto sensíveis às alterações da temperatura da água. Cientistas como Gabriel Grimsditch, especialista em recifes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), garantem que o aquecimento e a acidificação dos oceanos estressam os corais até deixá-los sem cor, uma reação conhecida como branqueamento que diminui sua capacidade reprodutiva e que inclusive pode chegar a matá-los.

Trata-se de uma fenômeno que afeta cada vez mais os corais do planeta e do Oceano Pacífico, que possui 25 % dos recifes do mundo. Portanto, está previsto que isso ocorra todos os anos durante os próximos 15 anos, segundo revela o relatório "A economia dos recifes de corais" (2018), elaborado pelo próprio PNUMA e de outras instituições internacionais. Quanto ao futuro dos recifes, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estima que até 2050 desparecerão entre 70 % e 90 % dos corais, inclusive se conseguirmos manter a temperatura terrestre em 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais.

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Como ocorre o branqueamento dos corais marinhos?

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  Ver infográfico: Como ocorre o branqueamento dos corais marinhos? [PDF]

A importância dos recifes de coral

Tal como comentamos anteriormente, os recifes de corais além de proporcionarem refúgio e alimentos para 25 % da fauna marinha mundial, também são uma atração turística que gera receitas multimilionárias, nos protegem das inundações e dos tsunamis, ajudam na segurança alimentar através da pesca e estão presentes em alguns medicamentos contra o câncer.

Os recifes também são o habitat natural de espécies em perigo de extinção como as gorgônias, penas-do-mar ou anêmonas, entre outras. O relatório do PNUMA destaca igualmente a importância dos corais para as economias da Mesoamérica e Indonésia, duas regiões que poderiam receber, cada uma delas, mais de 34 bilhões de dólares até 2030 se melhorarmos a saúde dos recifes.

Como evitar a extinção dos corais

O especialista em recifes do PNUMA, Gabriel Grimsditch, ressalta que ainda podemos fazer muitas coisas para conservar esses ecossistemas que sobreviveram, inclusive, à extinção dos dinossauros. A seguir, enumeramos os principais:

  • Adotar um estilo de vida mais sustentável e reduzir nossas emissões de CO2.
  • Participar de projetos de conservação e conscientizar amigos e familiares sobre tal problema.
  • Frequentar centros de mergulho que tenham o aval da iniciativa Green Fins — se mergulharmos em um recife não podemos tocar, pisar ou pegar um pedacinho dos corais — e nunca adquirir lembranças feitas com eles.
  • Reduzir o consumo de plástico, pois contaminam os corais, lhes causam doenças e retiram sua luz e oxigênio.