MATURIDADE DIGITAL

Nas duas últimas décadas, a revolução digital mudou tudo: estilos de vida, formas de consumo, habilidades profissionais, etc., assim como os modelos de negócio tiveram seu processo em paralelo. Empresas de todo o mundo tiveram que aderir à transformação digital para se adaptarem e não sucumbirem aos novos tempos. No entanto, como podemos saber se uma empresa já alcançou a maturidade digital?

Se um colaborador modelo dos anos 90 de uma grande empresa fosse trazido no tempo até nossa época, ele primeiramente ficaria irremediavelmente reduzido a um trabalhador não apto pela sua falta de competências digitais. A revolução tecnológica, em somente duas décadas, deixou obsoletas tanto empresas como seus colaboradores: uma espécie de darwinismo digital. Para não sucumbir às startups nativas digitais, as empresas tiveram que investir em novas tecnologias, contratar perfis profissionais digitais e dar treinamento aos trabalhadores obsoletos (reskilling e upskilling) ou multiplicar sua presença nos novos canais e escutar seus clientes, entre outras ações, para concretizar o novo paradigma digital em sua cultura corporativa.

O QUE É A MATURIDADE DIGITAL

A maturidade digital mede o grau de sucesso na transformação digital de uma empresa. Ou seja, uma empresa terá alcançado a maturidade em termos digitais quando adotar com sucesso as novas tecnologias para otimizar seus resultados em todos os processos de negócio: funcionamento interno, campanhas publicitárias, satisfação do cliente, etc. Sem esquecer que, ao ser constante a evolução tecnológica, as empresas não podem se relaxar.

Entre as novas tecnologias com mais peso na transformação digital, cabe destacar: a inteligência artificial, que permite, junto ao machine learning, criar máquinas com capacidades semelhantes às do ser humano; o big data, que permite analisar quantidades enormes de dados e melhorar as decisões de negócio; a internet das coisas (IoT), que permite conectar objetos à rede para melhorar suas funções; e a cloud computing, que possibilita o acesso remoto a softwares, processamento de dados e armazenamento de arquivos, etc. Além dessas, outras tecnologias foram desenvolvidas: chatbots, visão artificial, análise preditiva, automação robótica de processos, business intelligence, blockchain, edge computing, etc.

VER INFOGRÁFICO: As características das empresas digitalmente avançadas [PDF]

MODELOS DE MATURIDADE DIGITAL

Na última década, surgiram numerosos modelos e índices de maturidade digital para avaliar o grau de transformação digital de empresas e administrações. No mundo corporativo, alguns dos indicadores para avaliar essa questão são: uma liderança transformadora em torno de um modelo de negócio digital, a presença da empresa em vários canais (omnicanalidade), a tomada de decisões com sua base em dados (data driven) ou o treinamento digital dos colaboradores.

Entre os modelos mais relevantes para medir a maturidade digital das empresas, cabe destacar:

• Quociente digital (DQ) da McKinsey: é uma métrica apresentada em 2015 e inspirada por um estudo realizado pela própria consultora para compreender os desafios da digitalização. Foram analisadas 150 empresas de todo o mundo para avaliar suas práticas relacionadas com a estratégia, as capacidades e a cultura digitais.
• Modelo de Maturidade Digital 4.0 da Forrester (The Digital Maturity Model 4.0): fundamentado em um modelo anterior, esta consultora criou essa ferramenta em 2016. Ele classifica as empresas em quatro níveis de maturidade —cépticos, adotantes, colaboradores e diferenciadores— e analisa seu desempenho em quatro dimensões —cultura, tecnologia, organização e perspectivas—.
• Modelo de Maturidade do MIT: em colaboração com a Capgemini Consulting, o MIT Center for Digital Business desenvolveu este modelo que combina duas dimensões: a intensidade digital, que mede o investimento em iniciativas tecnológicas; e a intensidade transformadora, que avalia a capacidade da liderança para mudar uma organização do ponto de vista digital.

NÍVEIS DE MATURIDADE DIGITAL

Cada modelo de maturidade classifica as empresas em diferentes níveis conforme o resultado de sua avaliação. No caso do Modelo de Maturidade Digital 4.0 da Forrester (que se trata de um dos mais reputados), são: 

• Céticos
  Estão começando seu trajeto digital, isto é, são empresas tecnologicamente lentas e com pouca experiência em inovação. Têm um uso limitado de canais de venda on-line e executam poucos programas de marketing digital.
• Adotantes
  Estão em fase de investimento, tanto em infraestrutura quanto em conhecimento, ou seja, após constatar que a digitalização funciona, estão dispostos a investir na arquitetura-base necessária para escalar sua ambição digital.
• Colaboradores
  Sua principal característica é que estão mais inclinados a colaborar interna e externamente para permitir a prática e a inovação digital. É o segmento que proporciona mais coordenação e comunicação entre os departamentos de TI e marketing.
• Diferenciadores
  Mais hábeis que a média em marketing e comércio eletrônico, incluindo gestão de projetos e conhecimento do cliente, apresentam um forte crescimento de suas receitas e tendem a ser varejistas focados no negócio on-line.

COMO MEDIR A MATURIDADE DIGITAL

O gigante tecnológico Google, em colaboração com o Boston Consulting Group (BCG), desenvolveu um Digital Maturity Benchmark que permite medir a maturidade digital de uma marca. Em um relatório intitulado O domínio da maturidade do marketing digital, ambas as empresas identificaram seis fatores que permitem que as empresas avancem na curva de maturidade: 

•  | Dados
  Vincular as fontes de dados de uma empresa para obter uma perspectiva completa do cliente.
•  | Automatização
  Possuir ferramentas, como a análise web ou o sistema CRM, que permitam automatizar os dados.  
• | Medição
  Medir o valor de cada ponto de contato durante a customer journey e vinculá-los a resultados.
•  | Associações estratégicas
  Colaborar com agências e fornecedores de tecnologia, mantendo a propriedade dos dados.
•  | Competências específicas
  Integrar pessoas com competências complementares em equipamentos multifuncionais e eficazes.
•  | Trabalho em equipe ágil
  Os processos internos devem ser ágeis e, para tal, é fundamental a liderança e a cooperação ativa.