Sara Peñalver, jogadora de Badminton
"Olhando para trás, eu voltaria a ir sem a menor dúvida"
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Maio de 2019. Tempo de leitura: 3 minutos
Aos 12 anos de idade, Sara Peñalver saiu de casa para se dedicar inteiramente ao badminton. Hoje ela treina em Madri com o técnico da Carolina Marín, com quem já está sendo comparada. Mas ela quer se destacar por conta própria e, em seu primeiro ano na principal categoria, já ganhou seus dois primeiros torneios internacionais. Consciente de que, principalmente para uma mulher, é muito difícil viver do esporte, ela combina seu treinamento com estudos técnicos superiores em Coaching de Atividades Físicas e Esportivas (TAFAD, em sua sigla em espanhol).
Sara Peñalver sabe que tem um caminho difícil pela frente.
Saiba como Sara Peñalver chegou até onde está
Sara Peñalver, jogadora de badminton: "Desde praticamente os 12 anos de idade até hoje, quando tenho 19, estive em uma residência de estudantes e depois em outra. Aos 12 anos, eu já tinha que lavar, secar e pendurar roupas e tudo mais... [risos]. Foi um pouco caótico, mas enfim. Acho que isso também me ajudou a ser mais independente".
"Como eu tinha companheiras mais velhas, elas me ajudavam. Mesmo que eu não tivesse a figura de minha mãe ali, elas faziam um pouco esse papel".
"O que mais senti falta no meu primeiro ano, quando saí de casa, foi a companhia constante das pessoas. Nos fins de semana, como eu era a mais nova, todos saíam da residência. Eu não tinha como me comunicar com meus pais a não ser por telefone, não havia wi-fi nem nada do tipo. Então, eu me sentia um pouco sozinha e, naquela época, sentia falta de estar com meus pais ou meus primos, meus amigos... Acho que isso foi o mais difícil".
Kike Peñalver, irmão da Sara: "Eu também saí de casa quando tinha 12 anos. É uma idade muito jovem e sei pelo que ela passou. Acho que fomos embora pelo que queríamos, que era jogar badminton, e acho que fizemos a coisa certa".
Anders Thomsen, técnico da Sara: "Sair de casa muito jovem para vir a um centro de treinamento é algo muito positivo para algumas pessoas, mas certamente para outras é muito difícil. Nós sempre fazemos o papel de pai ou de família para elas, mas nunca podemos ser iguais aos seus pais, não é mesmo? Porque eu também tenho que estar sempre dizendo o que devem fazer em seu esporte e, às vezes, também tenho que ser duro com isso".
Sara Peñalver: "Acho que todo atleta tem seu momento de estresse que diz: 'Vou mandar tudo... para aquele lugar'. Ter o Kike por perto me ajuda a superar esses obstáculos. No final das contas, ele é meu irmão, e o primeiro ombro que vou procurar é o dele".
Kike Peñalver: "Senti que tinha que protegê-la em algum momento".
Sara Peñalver: "Tê-lo ao meu lado me apoiando todos os dias ajuda muito".
Carolina Marín, campeã olímpica e tricampeã mundial de badminton: "Vale muito a pena quando você decide sair de casa tão jovem, porque, no final das contas, acho que você está decidindo realizar um de seus sonhos".
Sara Peñalver: "Olhando para trás, eu voltaria a ir sem a menor dúvida".
"Quando vejo manchetes que dizem 'Sara, a futura Carolina Marin', vejo isso como algo muito grande. Porque a Carolina Marín conquistou coisas que eu considero praticamente impossíveis; conquistar algo assim novamente parece muito distante. Mas para mim é uma motivação, não é uma pressão. Eu a tenho como uma referência, e não como algo que tenho que alcançar".
Anders Thomsen: "Sara não tem que ser a nova Carolina Marín: ela tem que ser a Sara Peñalver".
Carolina Marín: "Eu a vejo com características ainda melhores do que as minhas. Ela tem uma coisa muito boa que é um bom controle da raquete".
"Que ela siga treinando como tem feito até agora porque há um caminho a seguir. Não é fácil, é preciso trabalhar muito, mas no final você tem todos nós aqui para conseguir qualquer coisa que queira alcançar".
Sara Peñalver: "Muito obrigada por abrir o caminho para todas as meninas nesse esporte".
Carolina Marín: "Muito obrigada".