Mulher e esporte, uma aliança de sucesso
O número 261 significa algo para você? Se a resposta for não, preste atenção: hoje em dia é comum ver milhares de meninas competindo nas grandes maratonas do mundo, desde Nova York até Berlim, passando por Madri. Mas nem sempre foi assim. Em 19 de abril de 1967, Katherine Switzer mudou a história ao contornar a proibição que impedia as mulheres de competirem em uma maratona. E realizou esse feito na maratona mais antiga do mundo — a Maratona de Boston —, não apenas correu, mas terminou a prova em 4 horas e 20 minutos, apesar do boicote dos organizadores. A própria Katherine relembrou o episódio em uma declaração à BBC: "Ele me agarrou pelos ombros – em referência a Jock Stemple (co-diretor da corrida) –, me empurrou e tentou remover o número do meu peito". Esse número era 261 e, a partir daquele dia, tornou-se um símbolo da igualdade e do esporte feminino.
Aumentam as referências de esportistas femininas
A presença de atletas do sexo feminino só cresceu desde então, e a diferença entre homens e mulheres em termos de interesse pelo esporte diminuiu de forma significativa nos últimos 50 anos. Essa é uma das conclusões do último relatório Women and Sport (Mulheres e Esporte) da Repucom (Nielsen). Esportistas como Yelena Isinbayeva, Serena Williams, Laure Manadou ou Megan Rapione assumiram a responsabilidade de serem mulheres pioneiras no esporte como Katherine Switzer, Nadia Comaneci ou Larissa Latynina e hoje quase 50% da população feminina do mundo se interessa por esporte. Isso se deve, em grande parte, ao fato de existirem referências femininos como elas, além de outros nomes "novos", como Simone Biles o Yusra Mardini.
Um dado irevelador é que, desde 2012, as mulheres têm participado de todas as categorias de esportes nas Olimpíadas. E todos os novos esportes que se incluem nos Jogos Olímpicos atuais devem conter eventos femininos.
Os meios de comunicação de massa, primeiro a televisão e depois a Internet, aproximaram o esporte da sociedade, especialmente das mulheres, já que a participação em eventos esportivos foi, por muito tempo, proibida para elas.
Mas quais esportes as mulheres assistem na televisão? Seus gostos diferem dependendo de onde elas vêm. Nos EUA, prevalece o futebol americano; no Reino Unido, o tênis; na China, o badminton; no Japão, a patinação no gelo; e no México, o futebol. Em geral, modalidades como tênis, atletismo e patinação artística despertam mais interesse entre as mulheres do que entre os homens. Já os esportes motorizados estão no outro extremo da balança.
Cada vez há mais meninas praticando esportes
Diferentes membros do mundo esportivo internacional se uniram para continuar dando passos importantes no avanço da igualdade de gênero, muitos deles da coalizão Sport for Generation Equality (Esporte para a Igualdade de Geração) da ONU Mulheres. Dessa forma, para incentivar principalmente a participação de meninas e jovens, as organizações estão adotando ações como:
Desenvolver seu esporte de base para jovens e meninas.
Implementar estratégias de igualdade de gênero.
Criar políticas de proteção.
Aumentar a participação das mulheres na liderança e em todos os níveis da profissão.
Aumentar a alocação de recursos para o esporte feminino.
Realizar uma melhor e maior cobertura de mídia e um marketing livre de preconceitos de gênero.
Promover as conquistas das mulheres.
De acordo com o relatório Women and Sport [PDF], as mulheres que participam de atividades esportivas na escola têm 76% mais chances de seguir interessadas em esportes pelo resto da vida. Nas décadas de 1970 e 1980, a participação das meninas nessas atividades aumentou e foram essas mulheres que, ao longo do tempo, mudaram a realidade. E a tendência continuará, já que agora são as mulheres que estão incentivando suas filhas a praticar esportes. Nesse aspecto, também é preciso considerar as diferenças entre os países. Na China, apenas 14% das mulheres entre 16 e 29 anos não praticaram esportes na escola, um número que contrasta com o Japão, onde até 84% não tiveram contato com a prática esportiva.
Porcentagem de interesse em esportesentre mulheres de duas gerações
Mulheres com menos de 50 anos
Mulheres com mais de 50 anos
- Muito interessada
- Interessada
- Pouco interessada
- Nada interessada
Porcentagem de homens e mulheres
que ocasionalmente ou regularmente assistem a esportes específicos na TV durante as respectivas temporadas
Reino Unido
- 1
- 2
- 3
- Mulheres
- Tênis 68%
- Futebol 66%
- Atletismo 61%
- 1
- 2
- 3
- Homens
- Futebol 85%
- Tênis 58%
- Esportes a motor 56%
Alemanha
- 1
- 2
- 3
- Mulheres
- Futebol 58%
- Atletismo 51%
- Esportes a motor 47%
- 1
- 2
- 3
- Homens
- Futebol 90%
- Esportes a motor 66%
- Atletismo 53%
EUA
- 1
- 2
- 3
- Mulheres
- Futebol americano 77%
- Beisebol 56%
- Basquete 54%
- 1
- 2
- 3
- Homens
- Futebol americano 89%
- Beisebol 70%
- Basquete 68%
México
- 1
- 2
- 3
- Mulheres
- Futebol 82%
- Patinação artística 72%
- Basquete 61%
- 1
- 2
- 3
- Homens
- Futebol 91%
- Futebol americano 72%
- Basquete 70%
China
- 1
- 2
- 3
- Mulheres
- Badminton 91%
- Basquete 80%
- Tênis 78%
- 1
- 2
- 3
- Homens
- Basquete 88%
- Badminton 86%
- Tênis 76%
Fonte: Relatório Women and Sport da Repucom.
VER INFOGRÁFICO: Interesse feminino no esporte. Estatísticas de crescimento [PDF]
O que leva as mulheres a praticar esportes?
O esporte tem demonstrado nos últimos anos sua enorme capacidade de promover o empoderamento de mulheres e meninas e avançar com a igualdade de gênero Link externo, abra em uma nova aba., conforme explica a Secretaria das Mulheres da ONU. O esporte mobiliza a comunidade global e tem como alvo os jovens; une as pessoas além das barreiras nacionais e as diferenças culturais; é uma ferramenta poderosa para transmitir os valores do trabalho em equipe, da autoconfiança e da resiliência; tem um efeito multiplicador sobre a saúde, a educação e o desenvolvimento da liderança; contribui para a autoestima, cria conexões sociais e desafia as normas prejudiciais de gênero.
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Estamos comprometidos com a meta estabelecida pelas Nações Unidas.
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